A persistência das desigualdades regionais no Rio Grande do Sul – Parte 3
Ilustração: Pedro Alice
Ilustração: Pedro Alice
A superação do subdesenvolvimento regional implica escolha de uma combinação de iniciativas, projetos e medidas que sejam capazes de iniciar um processo de expansão socioeconômica que se reproduza de forma ampliada ao longo do tempo.
Essa é uma estratégia que se contrapõe às formulações que consideramos convencionais, caracterizadas por ações isoladas, tópicas ou setoriais, cujos efeitos têm se revelado superficiais, portanto, incapazes de gerar e difundir forças dinâmicas nas economias regionais.
A formulação de iniciativas e projetos combinados pode ser classificada em, pelo menos, duas categorias para uma melhor compreensão. De um lado, os projetos relativos à capacidade produtiva local, determinada pelo investimento privado.
De outro lado, as medidas mais diretamente ligadas à capacidade sistêmica regional em geral, de competência do setor público. Obviamente, na prática tudo deve ser tratado de forma integrada.
Do ponto de vista da economia privada, a formulação das propostas para as regiões deprimidas deve ser precedida de um criterioso diagnóstico socioeconômico e avaliação das potencialidades do lugar.
Nesse sentido, diversos autores sugerem, corretamente, que essa avaliação seja realizada num primeiro momento com dados secundários disponíveis, o que permite delinear um primeiro cenário, no qual estejam definidos todos os gargalos e a extensão das cadeias produtivas localizadas na região.
Uma avaliação mais fina pode ser obtida, mediante pesquisa direta, que inclua a percepção dos agentes privados locais sobre os limites e as possibilidades de seus negócios e a busca de novas potencialidades que nunca foram exploradas na região.
Este trabalho é sabidamente complexo, o que leva a concluir que os resultados não estarão disponíveis no curto prazo.
Já na categoria das políticas públicas, há três medidas que necessariamente estarão incluídas em qualquer estratégia de combate às desigualdades regionais, pelo fato de serem consideradas indispensáveis, essenciais e por isso mesmo prioritárias em qualquer esforço de superação do subdesenvolvimento regional.
A primeira refere-se à recuperação das finanças públicas municipais e do Estado.
A segunda é relativa ao sistema educacional como um fator poderoso de estímulo ao desenvolvimento.
Por fim, a revitalização da rede urbana regional, dado que as cidades constituem os pontos mais dinâmicos do território, além de ser o lugar onde vive a maioria da população e o espaço de excelência para a acumulação de capital. Estes serão os temas das próximas matérias.
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