A comunicação é uma entre as ferramentas que compõem a formação dos nossos alunos. Essa constatação nos obriga, como professores, a trabalhar com a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, explicadas pelo sociólogo Francês Edgar Morin, na Teoria da Complexidade, com aquilo que é tecido junto, ou seja, existe um elo interdependente entre as partes e o todo, o todo e as partes.
Através desta visão ajudamos o estudante a realizar uma leitura crítica do que lhe é apresentado e nas leituras que faz de livros, jornais, revistas, uma vez que o professor é o principal agente social da formação de leitores. Assim procedendo, ajudamos o aluno a desenvolver o senso de análise e, no caso da mídia, a percepção de que ela representa um instrumento não só de poder, mas que ela é o próprio poder, mexe com a vida das pessoas e, por conseqüência , necessita de uma decifração adequada. Essa descoberta só acontece através do conhecimento.
O ex-professor da Universidade de London School, Roger Silverstone, afirma que nós não podemos escapar da mídia. Ela está presente em todos os aspectos da nossa vida cotidiana. A consciência crítica não nasce automaticamente. É construída a longo do tempo.
Para o escritor e educador Moacir Gadotti, “Educação e comunicação são processos inseparáveis e a relação entre eles é complexa”. A educação para a mídia é um campo vasto de ensino e aprendizado que proporciona a desconstrução das mensagens veiculadas pelos meios de comunicação, de modo a oportunizar a compreensão de como se opera a formação de opinião, gostos e valores.
As mídias tanto podem ser exploradas para a libertação quanto para a manipulação. O conhecido semiólogo e escritor Umberto Eco afirma que a mídia não pode eximir-se de críticas. Na democracia, a imprensa deve ser colocada em questão. Ora, se a mídia não é neutra, o receptor dos veículos de informação também pode não ser. Os professores precisam atualizar-se para utilizar adequadamente também os jornais como ferramenta de ensino em sala de aula. Isso ajuda o aluno a adquirir o gosto de ler, de se informar e de se atualizar. Uma sugestão prática é o professor orientar seus alunos na confecção de pequenos jornais, uma vez que ler e escrever são atos complementares.
Frente a uma sociedade que aparece pronta, acabada, surge a necessidade da análise, ou seja, a capacidade do individuo de intervir, interpretar para provocar mudanças. Com tal postura, novas alternativas se abrem à prática histórica e ao processo dialético.
O importante é não concordar com o projeto hegemônico que está aí, mas criar questionadores frente ao mundo estabelecido. Esta é uma proposta para toda a vida, realidade concreta de um processo educativo, que não acaba nos bancos escolares.
Voltemos a Silverstone, a pergunta não é o que a mídia faz por nós, mas o que nós fazemos com a nossa mídia.