OPINIÃO

Insegurança pública

Publicado em 5 de maio de 2011

O aparato de segurança pública brasileiro consome um dos mais altos orçamentos do setor em todo o mundo, sem com isso oferecer condições de trabalho e salário aos seus profissionais. Criadas para submeter a sociedade aos interesses do Estado, as polícias também não conseguem assegurar paz ou direitos aos cidadãos – submetidos também ao jugo da criminalidade.

Na entrevista deste mês, o sociólogo Renato Sérgio de Lima afirma que a segurança chegou a um ponto de ruptura e defende uma nova concepção para o sistema, com base na articulação, participação e transparência.

“O Brasil tem um sistema de justiça e segurança pública caótico, à beira do colapso. Gastamos muito, mas faltam recursos para serviços essenciais, convivemos com taxas de violência extremamente altas, a população tem medo e não confia nas polícias ou no sistema de justiça, quase metade dos presos estão sem julgamento e persistem denúncias de corrupção e violência institucional”, aponta o especialista, que analisa ainda o poder político e militar das indústrias de armas no país, entre outros aspectos na perspectiva de uma reforma na segurança pública.

O desperdício de alimentos, reportagem de capa desta edição, reflete a cultura de esbanjamento da sociedade brasileira. Diariamente, toneladas de comida aproveitável são jogadas no lixo, o que, paradoxalmente, produz fome e exclusão.

Transformada em espetáculo midiático, a catástrofe no Japão produziu mais do que mortes e destruição, disseminando pelo globo dúvidas sobre a pesquisa e utilização de armas geofísicas e mudanças climáticas. O Extra Classe ouviu especialistas que desmistificam a questão ao analisar experiências em curso para a utilização de fenômenos da natureza como armamento pelas nações.

Completam a edição as matérias sobre ensino privado, com destaque para a polêmica em torno das dificuldades alegadas pelas instituições para se adequar à nova lei da Filantropia; a nova configuração jurídica anunciada pela Ulbra e as negociações coletivas.

Boa leitura.

Cartas

E a história não acabou…
Quero cumprimentar o jornalista Marco Aurélio Weissheimer pelo artigo no Extra Classe: E a história não acabou… (abril de 2011, p. 11), título do livro de autoria de Francis Fukuyama, 1989, em defesa do Neoliberalismo. Tenho lembranças desse período, quando pipocavam convites do mundo inteiro para o autor palestrar um tema único: a era do capitalismo liberal. O ex-presidente Ronald Reagan e a “dama de ferro” Margareth Tatcher eram unânimes na defesa dessa ideia. Para o primeiro, o governo é o problema e demitiu 11.359 profissionais grevistas encarregados do controle dos voos, o equivalente a 65%. E a frase da “dama de ferro” é consagradora para a visão liberal: ‘Não há sociedade, apenas indivíduos’. Os trabalhadores ingleses das minas de carvão, após um ano de paralisação (eram ajudados pelo sindicato) perderam a causa para a Primeira Ministra.

Osvaldo Biz – Jornalista – Porto Alegre RS

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