OPINIÃO

A crise do ensino

João Timotheo Esmerio Machado* / Publicado em 24 de dezembro de 2011

O ensino vive uma nova crise. A escola sempre foi uma instituição inquestionável. O modelo entrou em colapso com o aparecimento da juventude informatizada, conectada à internet e autodidata. Os jovens atuais não estão “nem aí” para o saber oferecido na escola. Eles querem apenas viver a cultura deles, e os locais onde ocorrem essas vivências são os espaços escolares, onde organizam e inventam as novas culturas. O cotidiano maçante da escola é o preço pago para viver essa forma de sociabilização própria da juventude. Nossos jovens acharam nas escolas seus espaços de convivência.

A escola não tem de abandonar o ensino formal, mas se permitir a ouvir os novos clamores sociais. Não é abrir mão dos compromissos inquestionáveis de promover o ensino tradicional e os conhecimentos das gerações passadas, mas também criar espaços para as novas culturas juvenis. Por isso, o papel do professor tornou-se muito mais complexo do que no passado recente.

Hoje em dia na escola existem ricos e pobres, indivíduos que acham que a escola tem sentido e outros que ela não tem sentido algum. No caso do Brasil, ainda temos alunos que estão lá por que não têm para onde ir enquanto os pais trabalham, outros que frequentam os bancos escolares para fazer as refeições, para não perder benefícios sociais, para encontrar os amigos, conversar, namorar e viver a juventude. Os alunos sempre manifestam a necessidade de, antes de se ocuparem com os deveres escolares, vivenciarem os processos de humanização no ambiente escolar, negligenciados por suas famílias e pelo próprio Estado.

Essa situação provoca um grande desconforto e transforma as aulas num festival de bocejos, e as salas de aula num espaço maçante e enfadonho. Isso gera nos adolescentes os comportamentos agressivos, rebeldes e um enorme desinteresse, até por que eles não reconhecem na escolarização uma garantia de ascensão social. Muitos jovens querem o certificado de conclusão, apenas por justificativa social.

Os alunos têm de se conscientizar da necessidade de aprender a escrever, ler, contar, falar, digitar, navegar, enfim, se instrumentalizar para que possam viver o mundo social informatizado e contemporâneo. E esse é o caminho para se formar indivíduos críticos, informados, que expressem suas opiniões, seus sentimentos, suas discordâncias, capazes de ouvir, refletir e viver em paz com seus parceiros.

*Professor de História e Ciências Humanas
Senac Lajeado

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