OPINIÃO

Terceiro ano de ensino médio não reprova mais

Eduardo Jablonski* / Publicado em 10 de junho de 2015

Às vezes, tenho impressão (provavelmente equivocada) de que todas as normas, leis ou determinações desenvolvidas pelos coordenadores ou diretores de empresas, escolas ou faculdades e do governo são feitas para dificultar o trabalho dos colaboradores, docentes e cidadãos. Há poucos dias, numa escola estadual, chamaram-se os educadores para divulgar a novidade da Secretaria de Educação: a partir deste mês, está proibido reprovar alunos de terceiro ano de ensino médio na rede pública. É evidente que não nos foi apresentado dessa forma, porém com uma roupagem profissional e bem-organizada.

A ideia é mais ou menos o seguinte: as escolas terminam 2014 com os trâmites normais, conselhos de classe e recuperações. Se o pobrezinho não conseguir aprovação, dá-se uma nova chance em dezembro. Se o coitadinho também não obtiver uma nota aceitável, volta-se a proporcionar-lhe uma nova oportunidadezinha em fevereiro, antes do começo do ano letivo de 2015. Mas, se ele ainda assim ficar abaixo da média, outra recuperação é feita em março, e depois em abril, em maio, em junho, em julho, em agosto, até ele ser aprovado. O que não pode é reprová-lo.

Qual a justificativa da norma genial? Os pedagogos que a inventaram não entram em sala de aula há anos (ou talvez nunca fizeram isso) e não têm noção de como os adolescentes se comportam? Pois vou contar uma novidade para eles: os jovenzinhos não querem estudar, fazer exercícios, ler, nada. O máximo é conferir e responder às mensagenzinhas no Facebook ou no whats, e nada além disso. Claro que existem milagrosas exceções. Mas como eles vão agir quando souberem que a reprovação não existe mais? Eu suspeito; os pedagogos não? Como vai a onda, a educação é um teatro ou talvez um circo. Cria-se todo um cenário para fazer de conta que estamos dando aula. Os alunos nem se esforçam para fingir que estão aprendendo.

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