A questão dos imigrantes/refugiados
O assunto domina os noticiários. Com razão, deve ser abordado, pois é urgente e envolve (ausência de) direitos humanos. As recentes tragédias envolvendo refugiados/imigrantes na Europa têm causas diversas e consequências preocupantes.
Entre as razões estão fome e condições precárias de sobrevivência, em alguns casos; no mais, as fugas são de conflitos internos, perseguições e guerras civis. Aí vem o cerne do problema: sabendo-se que parte significativa destes refugiados provém de países como Síria, Afeganistão, Iraque e Líbia, é impossível não lembrar que todos eles apresentam graves crises políticas decorrentes do vácuo de poder deixado pela derrubada ou, no caso da Síria, enfraquecimento político de seus líderes. Aí vem o paradoxo: estes eram ditadores que mantiveram com mão de ferro o controle sobre seus países.
Com seu enfraquecimento ou derrubada, o Estado Islâmico tem encontrado amplo espaço para se expandir. A ironia é que a população, amedrontada, tem fugido para países europeus pela proximidade, sem dúvida, mas tais países foram exatamente aqueles que contribuíram para a derrubada de tais ditadores, através da Otan e da liderança dos EUA. Tudo no melhor estilo “vocês criaram o problema, agora se virem”.
De tudo, várias são as questões a serem levantadas: tais países, de onde saem os refugiados, eram melhores enquanto ditaduras? Será possível ainda sonhar com democracia neles? E que estas fugas cessem? Com o avanço do EI e, principalmente, com o lucro gerado pelo ‘comércio da fuga’, estimado em torno de US$ 7 bilhões anuais, é difícil imaginar… Finalmente, será possível conjecturar o ponto que atingirá a xenofobia na Europa? Questões de difícil resposta, mas urgentes.
* Professor de História do Colégio Murialdo Porto Alegre, pós-graduado em História Contemporânea