OPINIÃO

A cidadania na mira

Publicado em 8 de setembro de 2016

Na reportagem de capa desta edição, a crescente criminalização da cidadania em ações policiais cada vez mais truculentas e indiscriminadas para reprimir e desmobilizar manifestações dos movimentos sociais organizados. São demonstrações de força, à base de muito armamento, bombas de efeito moral, cerceamento da liberdade, prisões e indiciamentos contra profissionais e defensores dos direitos humanos – adotadas como política de governos que, paradoxalmente, alegam falta de policiamento para combater a criminalidade. Ainda sobre a organização dos movimentos sociais, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, entrevistado do mês, afirma que Michel Temer é subestimado pela sociedade em sua periculosidade: “Só tem compromisso com o Parlamento, que o elegeu de forma indireta”.

Na cobertura de política, a primeira campanha eleitoral após a minirreforma eleitoral e ainda sob o impacto dos escândalos em nível nacional envolvendo políticos. E o afastamento da presidente Dilma Rousseff. A consumação do impeachment sem crime de responsabilidade, que na tarde de 31 de agosto, fechamento desta edição, afastou
definitivamente a presidente da República do cargo e empossou seu vice, Michel Temer, para um mandato de dois anos e quatro meses, expõe as contradições e fragilidades do presidencialismo, historicamente acossado por golpes parlamentares ou armados.

Desde 1930, quando Vargas derrubou a República Velha, apenas cinco presidentes terminaram seus mandatos, de um total de 23. Nos 127 anos de República, somente 12 dos 36 governantes do país foram eleitos para o cargo. Com Dilma, sete foram depostos por golpes parlamentares ou de Estado.

Boa leitura!

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