Os instantes seguintes à apuração das eleições do domingo, 3 de outubro, foi de festa para partidos considerados mais conservadores, PMDB, PSDB, PSB e PP, com a conquista de cadeiras legislativas municipais e prefeituras. Mas a segunda-feira que se sucedeu, foi de ressaca moral para os derrotados, o principal deles o PT, que conquistou menos da metade das prefeituras das eleições de 2012. Caiu de 630 para 256. Ainda restam 55 municípios definirem seus prefeitos no segundo turno.
Num cenário em que apenas um a cada dez prefeitos são mulheres e que houve um avanço das chapas conservadoras, não foram apenas os homens brancos de bem os grandes vitoriosos nas urnas: o branco/nulo superou até mesmo estes. Conforme o Tribunal Superior Eleitoral, dos 50 municípios mais populosos, foi o branco/nulo o candidato mais votado em cinco e o segundo mais votado em 13 cidades. Se consideradas também as abstenções, no Rio, por exemplo, houve 189.187 abstenções, enquanto o candidato mais votado, Marcelo Crivella (PRB), obteve apenas 842.201.
Em Porto Alegre, 382,5 mil eleitores votaram branco/nulo, um crescimento de 69% em relação a 2012, votação acima do candidato mais votado, Nelson Marchezan Jr., (213,6 mil). Isso sem contar 22,5% que não compareceram às urnas. Mas o presidente do TSE, Gilmar Mendes, acha que esse crescimento de brancos/nulos/abstenções não é um recado das urnas, que é normal, e que “não representa um voto de protesto” contra as opções que se apresentam para os eleitores.
LEGITIMIDADE – O fato é que os prefeitos e vereadores que assumem agora precisam ter consciência que em média pelo menos um terço dos eleitores está insatisfeito com a política de modo geral e que outro terço é oposição. Ou seja, quem legisla e governa o faz pisando em ovos, ou melhor, em votos brancos/nulos e abstenções. O voto inútil venceu as eleições, mas alguém sempre ganha?
DINHEIRO – A festa democrática, em números de caixa 1, foi patrocinada em valores declarados por todos os partidos de R$ 2,131 bilhões.
Boa leitura!