OPINIÃO

A reforma que não deu certo no Chile

Editorial / Publicado em 20 de março de 2019

Foto: Igor Sperotto

Foto: Igor Sperotto

A reforma do sistema previdenciário implantada pelo ditador Augusto Pinochet no início da década de 1980, com a adoção do sistema de cotização individual administrado por fundos de pensão privados, muito semelhante ao projeto que o governo brasileiro enviou ao Congresso em fevereiro, cortou pela metade a renda dos aposentados daquele país em relação aos rendimentos que eles percebiam quando estavam na ativa.

Arquitetada pelos Chicago Boys, grupo de economistas ultraliberais do qual Guedes é oriundo, a reforma prometia aos chilenos que eles se aposentariam com 70% da renda, mas isso não foi cumprido pelas Administradoras de Fundos de Pensão (AFPs), organizações privadas de capital internacional – apenas uma tem 50% de recursos nacionais.

As primeiras levas de aposentados pós-reforma recebem pensões inferiores à metade do que ganhavam na ativa. Após 30 anos de cotização, um professor que ganhava o equivalente a R$ 6,7 mil de salário obteve uma pensão de cerca de R$ 1,3 mil. Na reportagem especial desta edição, o repórter Marcelo Menna Barreto, enviado a Santiago, relata essa realidade de desalento e falta de perspectivas dos aposentados chilenos.

Na entrevista do mês, o cientista social, especialista em segurança e professor Charles Kieling analisa o pacote anticrime apresentado pelo ex-juiz e ministro da Justiça Sérgio Moro. Na opinião do entrevistado, a proposta passa ao largo dos reais problemas de segurança do país, além de favorecer o crime organizado e o caos social.

Desde que chegou ao estado em 1997, a planta gaúcha da General Motors se viabiliza e amplia suas instalações à custa de isenções e incentivos fiscais públicos. Atualmente, com isenções que superam R$ 5 milhões por ano, a montadora em Gravataí alega crise para impor uma agenda de redução de salários e de direitos dos trabalhadores.

A Santa Casa de Rio Grande e o Hospital Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre, são exemplos de instituições públicas de saúde endividadas e à beira da falência que se transformaram em bons negócios para a iniciativa privada, como revela matéria de Saúde desta edição.

Destaque ainda para a ampliação das atividades do Clube do Choro e o projeto da Orquestra de Choro de Porto Alegre, as matérias do ensino privado e os colunistas do Extra Classe nesta primeira edição do ano.

Boa leitura!

Comentários