Bola fora do Maurício: o voleibol diz não à homofobia
Imagem: DC Comics/ Divulgação
Minas Tênis Clube rescindiu no último dia 27 contrato com o jogador de Tênis Maurício Souza após postagem homofóbica no Instagram no dia 12 de outubro. Ele também perdeu espaço na seleção brasileira, segundo garantiu o gaúcho Renan dal Zotto, técnico da Seleção Brasileira de Vôlei.
Se tu não estavas no Brasil, entenda. Maurício, que já é conhecido por defender o governo Bolsonaro e criticar feminismo e direitos da comunidade LGBTQIA+, criticou a bissexualidade do novo Super-Homem, personagem da DC Comics que aparece em anúncio da editora das histórias em quadrinho beijando outro personagem masculino.
Entre a postagem com teor homofóbico e a rescisão passaram-se duas semanas. Isso porque em um primeiro momento o Minas Tênis Clube não tomou nenhuma atitude por entender que em vez de repudiar a homofobia deveria defender a liberdade de expressão de seus atletas.
Homofobia não é direito de liberdade de expressão, é crime.
A ideia de que opinião não mata e por isso se pode falar qualquer coisa contra qualquer pessoa ou grupo está errada. Ela está baseada no privilégio de quem sempre pode falar. Contudo, hoje, mais pessoas e diferentes grupos podem falar.
Foto: Minas Tênis Clube/ Divulgação
Com isso, a discussão tomou conta das redes sociais. Aliás, se tem uma coisa que as redes sociais sabem proporcionar é discussão. E esta, valeu a pena. Até as torcidas organizadas se pronunciaram, sendo a Independente Minas, do time de vôlei Minas Tênis Clube, a primeira.
Ela chegou a divulgar um comunicado dizendo que passaria a ignorar o jogador.
Colegas de profissão também falaram. Douglas Souza, que é gay, fez postagens contra a homofobia. E não foi a primeira vez que ele deu exemplo de civilidade.
Patrocinadores usaram de seu poder econômico para pressionar o clube a tomar alguma atitude. A Fiat e a Gerdau divulgaram nota em respeito ao movimento LGBTQIA+ e cobraram que a diretoria tomasse as “medidas cabíveis”.
Depois de tudo que passamos nos últimos anos em nosso país, principalmente após a eleição do líder de extrema-direita Bolsonaro, que seguidamente pronuncia-se com teor homofóbico, é um alento saber que setores significativos da sociedade não compactuam mais com isso.
*Ritchele Luis Vergara da Fontoura é estudante de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e servidor municipal Prefeitura de Porto Alegre (RS) – @negoritchie