OPINIÃO

Bola fora do Maurício: o voleibol diz não à homofobia

Por Ritchele Luis Vergara da Fontoura / Publicado em 28 de outubro de 2021

Imagem: DC Comics/ Divulgação

A imagem que motivou as declarações homofóbicas do atleta: Jon Kent, filho de Clark Kent e Lois Lane, beija seu namorado, Jay Nakamura, na nova HQ da DC Comics

Imagem: DC Comics/ Divulgação

Minas Tênis Clube rescindiu no último dia 27 contrato com o jogador de Tênis Maurício Souza após postagem homofóbica no Instagram no dia 12 de outubro. Ele também perdeu espaço na seleção brasileira, segundo garantiu o gaúcho Renan dal Zotto, técnico da Seleção Brasileira de Vôlei.

Se tu não estavas no Brasil, entenda. Maurício, que já é conhecido por defender o governo Bolsonaro e criticar feminismo e direitos da comunidade LGBTQIA+, criticou a bissexualidade do novo Super-Homem, personagem da DC Comics que aparece em anúncio da editora das histórias em quadrinho beijando outro personagem masculino.

Entre a postagem com teor homofóbico e a rescisão passaram-se duas semanas. Isso porque em um primeiro momento o Minas Tênis Clube não tomou nenhuma atitude por entender que em vez de repudiar a homofobia deveria defender a liberdade de expressão de seus atletas.

Homofobia não é direito de liberdade de expressão, é crime.

A ideia de que opinião não mata e por isso se pode falar qualquer coisa contra qualquer pessoa ou grupo está errada. Ela está baseada no privilégio de quem sempre pode falar. Contudo, hoje, mais pessoas e diferentes grupos podem falar.

Foto: Minas Tênis Clube/ Divulgação

Souza foi banido do Minas Tênis Clube após suspensão e por reafirmar declarações de preconceito

Foto: Minas Tênis Clube/ Divulgação

Com isso, a discussão tomou conta das redes sociais. Aliás, se tem uma coisa que as redes sociais sabem proporcionar é discussão. E esta, valeu a pena. Até as torcidas organizadas se pronunciaram, sendo a Independente Minas, do time de vôlei Minas Tênis Clube, a primeira.

Ela chegou a divulgar um comunicado dizendo que passaria a ignorar o jogador.

Colegas de profissão também falaram. Douglas Souza, que é gay, fez postagens contra a homofobia. E não foi a primeira vez que ele deu exemplo de civilidade.

Patrocinadores usaram de seu poder econômico para pressionar o clube a tomar alguma atitude. A Fiat e a Gerdau divulgaram nota em respeito ao movimento LGBTQIA+ e cobraram que a diretoria tomasse as “medidas cabíveis”.

Depois de tudo que passamos nos últimos anos em nosso país, principalmente após a eleição do líder de extrema-direita Bolsonaro, que seguidamente pronuncia-se com teor homofóbico, é um alento saber que setores significativos da sociedade não compactuam mais com isso.

*Ritchele Luis Vergara da Fontoura é estudante de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e servidor municipal Prefeitura de Porto Alegre (RS) – @negoritchie

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