OPINIÃO

A mulher e a atividade física: manutenção e promoção da saúde

Por Denise Piltcher / Publicado em 10 de março de 2022

Foto: Elina Fairytale/ Pexels

“A atividade física é preventiva de diversas enfermidades, tão relevante para a saúde quanto cuidar da alimentação e do sono”

Foto: Elina Fairytale/ Pexels

Sendo a saúde um bem essencial para uma vida melhor e a atividade física um caminho para mantê-la, a importância de sua prática é muito relevante. Oportunizar, incentivar, promover institucionalmente seria um grande passo para a comunidade de forma geral e em especial aos grupos de maior risco.

A atividade física é entendida como agente preventivo de diversas enfermidades. No tratamento de doenças cardiovasculares e crônicas, tem sido apontada como principal medida não farmacológica, assumindo aspecto benéfico e protetor.

Realizá-los regularmente é tão relevante para a saúde quanto cuidar da alimentação e do sono. Para o sexo feminino, esse enfoque adquire algumas particularidades que incluem desde as diferenças do perfil hormonal e dos percentuais de gordura e massa muscular até as respostas e adaptações ao exercício. Neste contexto a atividade física regular ocupa lugar de destaque.

Se antes, os exercícios eram exclusivamente associados à nutrição na promoção de melhorias na qualidade de vida, hoje já há estudos que comprovam a eficácia das atividades físicas independente da dieta.

De acordo com a epidemiologista Liz Maria Almeida, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), “a atividade física é um fator independente de proteção a doenças, especialmente ao câncer. Redução do estresse, equilíbrio hormonal, perda de peso e liberação de endorfina são efeitos de se exercitar que auxiliam na imunização do organismo”.

Modelos, padrões e o corpo ideal  

Em se tratando de exercício físico e seus muitos resultados, existe um culto à beleza que faz com que as mulheres almejem um corpo idealizado pelos padrões sociais.

Nessa busca incessante e quiçá inalcançável, se submetem a dietas milagrosas, cargas extenuantes de treinos físicos, com risco a própria saúde, e colhem na maioria das vezes frustrações, o que faz com que abandonem as práticas.

Força e autoestima

O exercício físico vai muito além da perda do peso, do ganho em músculos, da barriga chapada e da coxa torneada. Faz bem para a saúde mental, empodera, te torna mais forte e disposta com mais energia para enfrentar a vida.

E é isso que nós todas deveríamos ter em mente sempre. Uma rotina de treino, seja ela qual for, nos faz adquirir disciplina, comprometimento e dedicação. Isso fortalece, nos dá poder, melhora nossa atitude, postura e determinação.

Meia-idade e a invisibilidade

É fato que nas culturas ocidentais os processos de envelhecimento vividos por nós mulheres são muito discrepantes se comparados aos dos homens.

A mesma sociedade que padroniza corpos esbeltos, também preconiza como passaporte VIP a eterna juventude. As rugas definitivamente não são bem-vindas nem bem-vistas nessa lógica.

As mulheres maduras são descartadas de tal forma que isso já está introjetado em cada uma. Nos cobramos demais, somos as primeiras a nos autocriticar, comentar a gordura alheia, as rugas de uma colega, as estrias de outra e assim por diante.

Nenhuma mulher cruzando a barreira dos 50 quer parecer o que é e se submete a qualquer promessa de tratamento estético, muitas vezes arriscado, sempre caríssimo, para aparentar ser mais jovem e assim quem sabe ter espaço no meio social e laboral.

Temos que nos libertar desses estereótipos que nos aprisionam e nos consomem. Querer ser linda é maravilhoso. Mas cada mulher em cada etapa de sua vida tem sua beleza, sua genética e seus padrões.

Ter um corpo com pouca gordura corporal é sem dúvida mais saudável e isso também irá aparentar e repercutir em outros aspectos. Não existe um corpo ideal e nem um corpo dos sonhos. Não nos deixemos influenciar pelas influencers destes tempos estranhos.

Aqui valem algumas recomendações:

  • A atividade física regular é um importante fator para a promoção e manutenção da saúde da mulher em todas as idades e situações, incluindo a gestação, pós-parto, puerpério e menopausa.
  • Deve-se reforçar que, no caso da doença arterial coronariana, o sedentarismo atualmente é considerado o maior fator de risco e deve ser combatido na população feminina de forma sistemática seja através do incremento de atividades cotidianas que envolvam um maior gasto energético ou atividades esportivas.
  • As mulheres respondem aos estímulos de treinamento de forma similar aos homens, estando assim aptas a praticar esportes competitivos ou não, respeitadas suas características particulares.
  • Os governos, as instituições, as entidades científicas junto com a mídia devem considerar o sedentarismo como um sério problema endêmico de saúde pública. Levar estas informações deve ser uma prioridade bem como oportunizar a população espaços públicos para a pratica de atividade física de forma segura e sustentável.
  • Antes de iniciar qualquer atividade física, realize uma avaliação de sua saúde.

Principais benefícios:

  • Diminuição da predisposição à depressão;
  • Aumento da sensação de energia principalmente para disfrutar e aproveitar o tempo livre;
  • Auxílio na realização das atividades diárias, com menos cansaço e mais produtividade;
  • Sono melhor e mais reparador;
  • Melhora da autoimagem;
  • Melhora a circulação do sangue e contribui para ossos e articulações saudáveis;
  • Ajuda a controlar o peso;
  • Promove bem-estar físico e mental;
  • Promove autonomia e diminuição de quedas.

Denise Piltcher é educadora física e diretora técnica da Pace Consultoria Esportiva – a plataforma Somos, do Sinpro/RS, proporciona orientações e atividades físicas aos professores.

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