OPINIÃO

Escala 6×1: da barbárie contemporânea ao fenômeno Erika Hilton

Por Ritchele Luis Vergara da Fontoura / Publicado em 12 de novembro de 2024
Escala 6x1 da barbárie contemporânea ao fenômeno Érika Hilton

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A proposta de escala da deputada Erica Hilton inova ao permitir uma grande ruptura na forma de organizar a rotina: quatro dias de trabalho seguidos por três dias inteirinhos de descanso

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pretende levar ao Congresso representa mais do que o fim da exaustiva jornada de trabalho 6×1, com apenas uma folga semanal. Trata-se de uma iniciativa transformadora, que busca reduzir o limite de horas semanais trabalhadas no Brasil, abrindo caminho para o modelo inovador de quatro dias de trabalho, em um marco de superação das longas jornadas e de avanço rumo a uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores.

A Deputada “entregou” tudo, como se costuma dizer na minha geração. Em vez de se concentrar apenas em criticar políticas da direita ou resistir a mudanças adversas, aposta em uma agenda propositiva que envolve apresentar soluções concretas e programas transformadores que dialoguem com as necessidades reais da sociedade.

Contudo, antes de abordar o fenômeno Erika Hilton, elenca-se aqui algumas percepções iniciais acerca da proposta.

A proposta inova ao permitir uma grande ruptura na forma de organizar a rotina: quatro dias de trabalho seguidos por três dias inteirinhos de descanso. A ideia é dar um gás na qualidade de vida dos trabalhadores, diminuindo o estresse, trazendo mais satisfação e, consequentemente, aumentando a produtividade para as empresas, bem como para o País.

Sabe-se que funcionários mais descansados tendem a trabalhar melhor, o que pode ser ótimo para as empresas. Tendem a se qualificar mais, o que impulsionará o desenvolvimento do país.

Imagina-se que nem tudo será fácil. Adaptar essa nova cultura de trabalho pode ser complicado, especialmente em setores que dependem de presença constante, onde mudar o esquema pode gerar resistência por parte dos empregadores.

Mas, questione-se: ter mais tempo com os pais, com os filhos, com os amigos, o quanto de saúde mental se ganha? Agora imagina o impacto positivo que teremos, inclusive, no tripé da seguridade social. E a Deputada está sabendo comunicar isso muito bem, em parceria com diversos outros políticos e entidades da sociedade civil através de “posts em massa”. Mas não só.

Veja. A proposta e a estratégia de divulgação e articulação política faz parte de uma agenda positiva de esquerda, propositiva (inclusive). E isso, encanta, gera atenção. Alia-se a isso a já mencionada aqui estratégia de comunicação muito acertada, que se utilizou de divulgação em podcasts, meio que atinge mais jovens e leva o assunto para as redes sociais.

O tema da Escala 6×1, desconhecido por muitos, foi parar em um programa no Youtube há poucos meses. Em entrevista de Erika Hilton no De Frente com a Blogueirinha, falou-se sobre o mundo pop, com muitos shades e jargões conhecidos pelo público jovem. Foi nesse clima de descontração, que rolaram discussões importantes a serem feitas, inclusive da pauta pelo fim da escala 6×1.

O assunto inundou as redes sociais com muita gente com dúvidas acerca do tema. Do engajamento indiscutível nas redes sociais, se abriu um flanco para a articulação política e este caldo ressoou até em telejornais.

As redes sociais por vezes pautam assuntos na TV, sabemos. Elas ajudaram na pressão para que os veículos tradicionais de comunicação debatam o tema, e, eventualmente, se posicionem. Chegando, tal assunto, a mais pessoas. Foi exatamente o que ocorreu.

A sacada da deputada a coloca em outro patamar no parlamento brasileiro. Ela demonstra versatilidade nas pautas, comprometimento com os problemas reais dos trabalhadores e ótima capacidade de articulação política.

Propostas como esta, com boas estratégias de comunicação e articulação política, são fundamentais para promover uma visão de mundo baseada em valores como justiça social, igualdade, direitos humanos, e sustentabilidade. Bem como são essenciais para encantar e engajar novas pessoas para pautas progressistas.

Movimentos sociais convocam atos, para esta sexta-fera, 15, pelo fim da Escala 6×1 no Brasil.

Ritchele Luís Vergara da Fontoura é servidor municipal e graduado em Direito pela Ufrgs

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