Em recente matéria de capa, focalizando a moderna questão do aluno-cliente empurrando as escolas para a competição de mercado, Extra Classe entrevistou o publicitário Norton Flores na área de marketing. “Hoje é importante para a escola particular buscar informar aos pais as diferenças de sua oferta para subsidiar a escolha”.
Sou metido a escarafunchar imagens do passado e peço vênia para, humildemente, dizer que isto não é de agora, vem de longe. Para comprová-lo, basta passar os olhos pelos dois principais veículos de comunicação de Porto Alegre há um século atrás, o “Anuário” de Graciano Azambuja e o “Almanaque” de Alfredo Ferreira Rodrigues. Intercalados à rica matéria literária e informativa, ressaltam os vistosos anúncios – melhor dito, reclames – dos cofres e fogões Berta, dos revendedores de máquinas de costura Singer, da H. Theo Moller, da Livraria do Globo, do arquiteto e construtor R. Ahrons, do Banco da Província, dos grandes armazéns, das lojas de bijuterias e… das escolas particulares.
Vejamos o “Almanaque do Rio Grande do Sul” para 1898.
O Colégio Cecília Corseuil oferece curso primário e secundário para meninas, com aulas especiais de costura, corte e bordados.
O Colégio Rio-Grandense, dirigido por Apeles Porto Alegre, apresenta-se ao público como “o mais antigo da capital” (fundado em 1870). Cursos primário e secundário. O secundário se divide em preparatório, “com todas as disciplinas exigidas para a matrícula nas academias do país”, e facultativo, que ensina escrituração mercantil, aritmética comercial, italiano, desenho, música, etc.
Já a Escola Brasileira apresenta-se como “o colégio mais freqüentado da capital”. Aceita externos, pensionistas e semi-pensionistas. Além do ensino primário e de preparatórios, há cursos especiais de desenho, música, escrituração mercantil e ginástica. Garantia de sucesso oferecida pelo diretor Inácio Montanha, do externato, e André Puente, do internato.
O Colégio Ivo Corseuil prepara alunos para o comércio, empregos públicos e admissão em cursos superiores. E aceita um número limitado de pensionistas menores de 14 anos, garantindo “bons cuidados materiais, boa higiene, vida familiar e educação esmerada”.
Dentre tantas opções, é só escolher a que pareça melhor. Mas ainda não havia a TV nem os grandes painéis de out-door…
* Luiz Carlos Barbosa Lessa é historiador, folclorista e escritor.