Conceitos básicos de sociedade e cultura – 7
A maior revolução ainda estava por chegar: a Cultura de Massa. Ela evoluiu da imprensa para o rádio e chegou à gravação de discos, aos programas de rádio, às telenovelas, ao telefone celular. Lado a lado, o analfabeto e o doutor aplaudiram a “novela das oito”. Se, antes, a Sociedade Espontânea manipulava objetos e a Sociedade Cultivada difundia símbolos, já agora a Sociedade de Consumo – fruto e fator da Cultura de Massa – manipulava mercadorias, bens comercializáveis. Evoluindo do campo artesanal, o operário industrial se põe a serviço do empresário e promete-lhe auferição de bons lucros.
Mas o empresário não depende exclusivamente do trabalhador: ali está a seu lado o profissional de Marketing, realizando pesquisas e indicando quais as mais promissoras fatias do mercado consumidor.
E então é redescoberto o falecido jovem! Numericamente muito expressivo, mas já sem o apoio da Família e quase perdendo o apoio da Escola para a escolha das melhores Alternativas.
As façanhas dos heróis nacionais já não o comovem, como também não o comovem os rituais de adoração dos deuses.
Quem arranca suspiros de veneração, agora, são os heróis da Cultura de Massa: atores de televisão, craques de futebol, sensacionais cantores, belas modelos lançando novidades, e assim por diante. E se o jovem quiser um contato pessoal com eles, não há problema: ali está a Internet inteiramente à disposição.
Como qualquer outro mortal dos dias de hoje, guardo em meu ser social um tantinho da Cultura Espontânea, apego-me ao que me foi ensinado pela Cultura Cultivada e, no fundo, cada vez mais admiro as proezas das Cultura de Massa.
Mas tenho passado por surpresas de tontear. Há cerca de vinte dias encontrei um jovem amigo, que me dispensa sincera afeição, e ele me informou que estava disposto a pedir demissão do emprego que eu lhe havia conseguido.
Com seriedade, eu lhe disse: “Pensa bem, Fulano. Conheço por aí muito engenheiro, advogado, até médico, que anda matando cachorro a grito e não consegue emprego.” E ele me arrasou ironicamente: “Quem mandou eles estudarem? Agora, agüentem…”