OPINIÃO

As pioneiras do Sul – parte 2

Barbosa Lessa / Publicado em 31 de julho de 2001

E já vão entrando em cena as bisnetas pioneiras. Também nas redondezas do Camaquã se estabelece Ana Gonçalves da Silva, casada com Manuel da Silva Pacheco. Trabalha com tal dinamismo que, na região, o campo de ambos passa a ser assinalado não pelo nome do marido mas pelo dela mesma: Estância da “Pacheca”. Para Antônia Joaquina da Silva, casada com Boaventura José Centeno, toca a Sesmaria do Brejo. No alto de uma coxilha eles levantam com tal capricho a Estância da Figueira que, ainda hoje, dois séculos passados, esta serviu de robusto cenário para a TV Globo gravar a novela Laços de Família. Realmente, famílias bem enlaçadas!

Mas a expansão da fronteira teria ficado pela metade se tivesse parado à altura do Camaquã. Cumpria seguir em frente, com garra, até ultrapassar a barra do Rio Grande. Então, do Camaquã para o sul começa um novo capítulo da saga continentina – já não mais a cargo das descendentes de Lucrécia mas, sim, das de sua irmã Beatriz. Uma neta de Beatriz, Ana Rodrigues de Sene, casa com Antônio de Souza Mattos e vai se estabelecer na Estância da Armada, no rumo da capela de Nossa Senhora da Conceição de Canguçu. E o pioneirismo continuará com o clã de Teófilo de Souza Mattos, verdadeiro multiplicador de estâncias. A partir desse momento, o “Continente” vai deixando de ser uma terra-de-ninguém e dentro em breve estará integrando, sem discussões, o Império do Brasil. O povoamento já ultrapassa a barra do Rio Grande e tenta chegar à margem do rio Jaguarão, mas aí se reabrem as discussões. De armas na mão, é levantada a Guarda do Cerrito. Ali nasce e cresce um trineto de Beatriz, Carlos Barbosa Gonçalves, que, após ter se formado na Escola de Medicina da Corte (Rio de Janeiro) e ter feito estágio hospitalar na França, dá o recado para o resto da parentalha: é chegada a hora de VOLTAR para Porto Alegre!

Ele próprio dá o exemplo e volta, na condição de presidente do Estado, e deixará sua lembrança em obras notáveis tais como a construção do Palácio do Governo e o erguimento da grande estátua de Júlio de Castilhos. Sim, que belo retorno!

Enquanto isso, o povoamento já vai se estendendo no rumo de San Gabriel de Batovi. No novo arraial, São Gabriel, nasce um tetraneto de Beatriz, que um dia proclamará: é chegada a hora de OLHAR para o Rio de Janeiro! Ele próprio dá o exemplo e, em 1910, lá está chegando para receber a faixa de oitavo Presidente da República: Marechal Hermes da Fonseca. Caminhos de glória iluminados pelos corajosos espíritos de Lucrécia e Beatriz.

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