Chove um fevereiro de rápida chuva e folia mudança minha dos móveis dos quarto. Eu faço entrar agora um novo vento pela janela um vento nunca dantes entrado eu faço soprar por sobre minha cama.
O sono forte já deixou claro que não quer que eu te espere musculatura lenta tecla preguiçosa o piano da digitação.
Pouca voz rouquidão natural somada ao carnaval de ontem.
Só a alma resiste vitoriosa insiste em esperar pelo bom senso do seu desabuso. Olho por cima da janela os carros lá embaixo no molhado da rua ver se dentro de algum estará você chegando no meio da madrugada. Não gosto de ficar olhando esperando homens em janelas feito Carolinas cansando cotovelos. Não gosto. Mas olho mesmo assim.
Trago umas picuinhas de esperas adolescentes que não me largam vento. O amor me põe por demais de calcinha, penso. Que diabos existe por dentro do querer que faz costuras sem limites nas esperas? Que quimera alimenta de tal jeito essa alma que nela gera a ansiedade das repetições do mesmo gesto? Voltar a janela, flexionar o pescoço, fumar e fingir que estou calma.
Ai o feminino e seus doze multiplicantes trabalhos de Hércules!
Ai o feminino e seu meticuloso raio amoroso que invade ruas asfaltos gavetas vestidos camas e tapetes.
Outra vez o sono força a barra e grita desta vez sobre as pálpebras moles dos olhos que foram ao carnaval ontem. A literatura percebe que é apenas um passar tempo enquanto o outro não vem.
Providência de comprar amanhã agulhas para furar a bolha a que seu medo nos condena.
Que mistério nos confina à madrugadas como amantes proibidos?
Perguntas empurradas para o dia seguinte. Agora é mesmo render-se ao sono que me abraça melhor do que você faria.
Janela de onde vem o vento e onde certamente dormirá a espera.