Minha posição na questão dos transgênicos é um claro e firme “não sei”. Já li e ouvi tantas opiniões convincentes, para um leigo, a favor e contra, que me consolo com a idéia de que, nesse assunto, todos são leigos. Um lado diz que ainda não se sabe o bastante sobre os efeitos de grãos geneticamente modificados na saúde das pessoas e do ambiente para liberá-lo, o outro diz que está cientificamente provado que transgênico não faz mal e se opor a ele é se opor ao progresso. Já que nós, os leigos sem argumentos, não sabemos que lado está mentindo ou tem razão, só nos resta escolher o lado mais simpático. E, no quesito simpatia, sou antitransgênico desde pequeninho.
O argumento mais forte de um lado é o lucro, o dos produtores que gastam menos com insumos e herbicidas e ganham mais plantando o grão da discórdia, e o da empresa que tem o quase monopólio mundial de sementes modificadas e da nova técnica. O maior interesse do outro lado é o de prevenir os efeitos possivelmente daninhos do cultivo dos transgênicos no ambiente e do seu consumo nas pessoas. Como não planto soja e não sou acionista da Monsanto, mas sou membro da espécie humana, categoria assustado, é claro que torço por quem não quer nos ver mais envenenados do que já estamos. Um argumento respeitável dos pró-transgênicos seria o aumento da produção de grãos para um mundo que tem fome. Mas li que não só o aumento de produção não é tão significativo assim, como já se produz comida suficiente no mundo: a malnutrição existe porque na distribuição de alimentos também se defrontam o princípio do lucro máximo e o ideal, e o lucro máximo vence fácil. E essa deformação não muda com mais ou menos grão plantado.
O governo Lula parecia ter escolhido seu lado na questão quando escolheu a Marina Silva como ministra do Meio Ambiente. Foi obrigado a mudar de lado pelo fato consumado de que grande parte dos produtores de soja do país já cultiva transgênicos, apesar da lei contra, e aplicar a lei agora traria o caos. Fato consumado, desobediência civil, desafio orquestrado a leis que consideram injustas… Os produtores rurais imitaram os métodos que condenam no MST, mas com mais sucesso. Talvez porque falte ao MST um lóbi como o da Monsanto. Não sei.