Lindo!
O cabelo trançado de agora,
depois de espantar motoristas de táxi preconceituosos,
medrosos estatísticos e outros podres poderes
com seu cabelo de lã, seu alarmoso black power, sua sarapieira de onde também nascem alguns lisos fios sem ambiente no meio da cresparada,
mas que, ao longe, formam indivisível e esperto conjunto,
é ele na minha poesia de agora e de sempre e de outrora
o mais nobre e precioso assunto:
ele, vindo com seu olhar doce
e macho, seu nariz de mitologia grega, sua sobrancelha eloqüente,
sua boca perfeita e sábia demais,
ah… ele com sua paz de rapaz
do novo milênio,
seu discreto charme,
sua gentileza contumaz…
Ele, meu guerreiro calmo e
contemporâneo
meu romântico e espontâneo,
meu reservado pensador,
o sincero, calmo e sagaz,
ele se tornou o lindo anjo que já era em criança,
só que grande e com mais desejos e esperanças
na bagagem.
Especial nas particularidades,
cidadão de raras altitudes,
espião de milimétricas atitudes,
cineasta da contemplação…
toda essência estava lá:
já no seu pote-menino,
no seu porte-potrinho,
no seu forte-xangozinho,
duende que sempre foi
das mais poéticas crianças perguntas!
Ele,
o cavaleiro do século vinte e um,
“ cavaleiro de Jorge”,
sua mais pungente canção de ninar,
que fez minha boca cantar sem cansar.
Ele,
o por inteiro,
o confiante,
o duvidoso,
o certeiro,
o investigador musical,
o cantor afinadíssimo de banheiro,
trilha sonora e silenciosa do real,
meu poema mais garboso,
minha vaidade-mico,
minha cara-de-pau!
(Não fosse eu um estelionatário da modéstia à parte
e fosse eu poeta superior, poeta verdadeiro de verdade,
que da mentira não deixasse vestígio, confessaria,
diria que ele, mais que meu príncipe, é minha sorte.
Diria, sem rubores, que ele, Juliano, é mais que meu
prestígio; confessaria, diria que ele, meu Deus, é meu
filho!)