Meu amor,
todo criador
tem seu silêncio,
seu tempo de degredo,
que é sua hora de segredo.
Todo criador redunde Deus
e aí vira mistério.
Redes neurais, emoção,
memória, cérebro,
todo o elenco em um, se
acontece em poderoso ministério
no evento da criação.
E toda gente que está ao lado
e todo possível público de então
não percebe nada dos óvulos
desta geração;
vêem as chamas, as luzes,
os fogos no céu estourados,
mas não vêem a brasa.
Criar é uma explosão muda no que antes era nada!
O barulho que faz é o mesmo da fecundação…
silêncio então.
Meu amor,
todo criador quando cria
está na sua hora de intransferível segredo,
uma hora solitária,
hora de gozo e ao mesmo tempo de espeto.
Todo criador enquanto cria
está no seu sublime momento
de Gepeto.