Você imaginaria que um Sarney já tivesse dito a sua fala de despedida e gente como Jader Barbalho tivesse protagonizado seus dramas com início, meio e desenlace conhecidos e saído de cena há muito tempo. Mas não, continuam lá, e mandando. E quem imaginaria ver de novo em cena o mesmo Collor que foi corrido do palco no fim, ou no que parecia ser o fim, da sua performance trágica, presumivelmente para a obscuridade ou para papéis menores? Não se trata de negar a ninguém a possibilidade da remissão e de outro começo, mas o mais triste disso tudo é a pobreza que revela. Nossa pobreza, pois quem elege tantos maus atores e sustenta uma dramaturgia capenga em que o fim nunca é o fim e nada tem consequência somos nós. Uma plateia decididamente tolerante com esse grotesco teatral, um primeiro ato interminável.
O assustador na volta do Collor à frente do palco é que aquele olhar furioso já foi credencial política. Ele já foi visto como um “louco” no bom sentido, decidido a acabar com a corrupção como um Jânio Quadros com melhor estampa e liberalizar a economia, custasse o que custasse. Mais assustador do que o olhar do Collor, claro, é pensar na facilidade com que, vez por outra, nos deixamos enganar por esses artistas.