OPINIÃO

A visão dos industriais paulistas sobre a “invasão” dos importados no mercado brasileiro

Publicado em 8 de setembro de 2010

Colunista: José Alonso

Ilustração: Pedro Alice

Ilustração: Pedro Alice

A economia brasileira superou os piores momentos da crise financeira internacional eclodida em 2008, mediante uma rápida e “bem sucedida” política de fomento à produção, baseada no gasto público, no aumento do crédito às empresas e às famílias e na redução seletiva de tributos. Evitouse o pior, que seria a recessão e o desemprego em 2009. Em 2010, a expansão do produto será elevada se comparada à média internacional.

As tendências mais recentes da indústria nacional apontam para uma desaceleração preocupante nos próximos semestres. A crise financeira nos países centrais deflagrou uma queda substancial do nível da atividade econômica reduzindo os mercados da América do Norte, Europa e Ásia o que provocou uma queda no ritmo das exportações brasileiras de manufaturados. Além disso, há três outros fatores que operam individual ou combinadamente para brecar a expansão industrial. O primeiro é a taxa de câmbio ainda excessivamente apreciada, o segundo é a taxa de juros, com tendência de queda nos últimos anos, mas ainda excessivamente elevada e, por fim, a concorrência externa agressiva de produtos asiáticos, não só em terceiros mercados, mas principalmente no mercado doméstico.

Diante desse quadro, o que dizem os industriais paulistas, através das suas entidades de classe? Arautos da abertura comercial incondicional e da liberdade absoluta dos mercados nos anos 1990, como única forma de dinamizar a economia do país, recorrem agora a propostas impensáveis naquela época. O Sr. Benjamin Steinbruch, presidente da Fiesp, saiu-se com algumas pérolas dignas de registro, para refrescar a memória, em entrevista ao Valor (17-8-2010, p.A12). “É hora de fechar o país para barrar os importados”. “Fechar a economia então, perguntou o repórter?” A resposta foi positiva. Na verdade, a Fiesp, como sempre, chama o Estado para intervir diretamente nos mercados e com isso pavimentar o caminho para a expansão da produção industrial doméstica. O líder “fiespiano” ainda arremata, “Precisamos de uma visão desenvolvimentista para o Brasil”, ainda bem. A dúvida que fica é saber até quando esses senhores manterão rasgado o receituário neoliberal que tanto defenderam nas duas últimas décadas. Agora eles estão querendo proteção. Como diz o ditado popular “durma-se com um barulho desses”.

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