Ilustração: Ricardo Machado
Ilustração: Ricardo Machado
Agora parece que o pessoal descobriu uma explicação para essa assimetria até agora inexplicável, mas sem diminuir o mistério. Se entendi bem – o que eu duvido –, no choque entre matéria e antimatéria, a matéria leva uma vantagem, que tanto pode ser uma partícula ainda por descobrir para a qual a antimatéria não tem equivalente e que garante a sua sobrevida, quanto um milissegundo de tempo a mais para se estabelecer enquanto a antimatéria desaparece, ou vai formar um anti-Universo paralelo e nunca mais é vista. Quer dizer, depois do choque há uma paradinha que favorece a matéria. Como se esta tivesse um juiz ao seu lado que lhe permitisse jogar com 12 ou não apitasse o fim do jogo antes dela fazer seu gol da vitória. Pense nisso: você, sua tia Gigi e as montanhas do Himalaia podem dever sua existência a uma hesitação.
A metáfora do juiz a favor pode sugerir divagações filosóficas e, inevitavelmente, religiosas. O que ou quem é esse juiz que decide pela existência do Universo em vez do nada? Se é para haver uma intervenção divina, então este é o momento para ela se manifestar. Pode-se imaginar Deus coçando a barba diante da escolha: matéria (um Universo com todas as suas chateações, a exigir a sua interferência constante) ou a paz do vazio? E pensando: se eu não queria confusão, por que, para começar, provoquei a grande explosão? E decidindo: que vença a matéria, e que ela forme mundos, e vamos ver no que vai dar.