OPINIÃO

Rio+20 : notas sobre alguns aspectos econômicos da agenda

Por José Antônio Alonso / Publicado em 10 de julho de 2012

Colunista: Alonso

Ilustração: Pedro Alice

Ilustração: Pedro Alice

Vinte anos se passaram desde a Rio 92, primeiro grande evento promovido pelas Nações Unidas para discutir e formular soluções para os graves problemas que afligem a humanidade, as desigualdades sociais, a crescente miséria humana (fome, alta mortalidade etc.) e a exploração predatória do meio ambiente.Naquela oportunidade foram acordados alguns compromissos, segundo os quais os países ricos (maiores predadores) destinariam 0,7% de seu PIB à cooperação internacional, o que não vem sendo cumprido. Isso significa que, do ponto de vista material, o progresso neste campo foi muito modesto. Talvez, o maior avanço tenha sido a realização de um novo evento (Rio+20) de expressão mundial para continuar insistindo em socorrer o meio ambiente e as multidões de famintos e doentes ainda remanescentes no mundo.

O tema da sustentabilidade, hoje no centro dos debates, abrange vários aspectos econômicos na medida em que é uma contraposição ao modelo industrial, consumista e predatório, que do ponto de vista ambiental tem dado sinais de esgotamento. A transição para uma organização econômica cujo crescimento não comprometa o futuro das novas gerações passa por inúmeras mudanças

Talvez, a mudança de menor custo seja a revisão do “culto” ao PIB (Produto Interno Bruto) e todos os seus derivados como principal medida de crescimento econômico. Essa discussão não é nova entre os economistas, muitos dos quais trabalham no sentido de adaptar à nova realidade o Sistema de Contabilidade Social usado em todos os países. Grosso modo, o PIB é igual ao VBP (Valor Bruto da Produção) menos o CI (Consumo Intermediário). No sistema de cálculo vigente não são imputados os custos ambientais incorridos na extração e uso de recursos naturais, renováveis ou não. Portanto, a medida que usamos para expressar o progresso das nações é insuficiente para dar conta de todos os aspectos que envolvem o desenvolvimento sócio-econômico de um país.

Com efeito, os custos ambientais e sociais incorridos na produção em geral, ficam encobertos nesse sistema contábil que, segundo alguns, revela apenas o que se ganha e não o que a sociedade perde. Um aperfeiçoamento desse sistema de contas nacionais foi anunciado nesta Rio+20 com a denominação de PIB Verde que mediria o patrimônio ambiental, padronizado internacionalmente, aprovado pela ONU em fevereiro de 2012. Talvez, seja o início de novos tempos nesse campo do conhecimento.

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