OPINIÃO

Redinamização da economia e controle público

José Antônio Alonso / Publicado em 6 de outubro de 2012

Alonso

Ilustração: Pedro Alice

Ilustração: Pedro Alice

A escolha de um tema relevante a ser discutido, na atualidade, obrigatoriamente conduz o analista a eleger assuntos relativos à persistente crise econômica. Apesar da natureza da mesma ser comum em todos os continentes, a sua intensidade é diferenciada em cada canto do mundo. Nesse sentido, os países e os blocos econômicos se defendem como podem dos seus efeitos mais perversos, como a queda da atividade econômica, o desemprego, o endividamento público e privado, o empobrecimento e a desarticulação do tecido social, em muitos casos. Em países de dimensões continentais como o Brasil, os efeitos da crise associados a outras restrições ao crescimento atingem as diversas formações regionais de forma diferenciada. É o caso do Rio Grande do Sul, cuja economia tem apresentado baixas taxas de crescimento nos últimos anos quando comparado com o país como um todo.

Nos anos recentes, os maiores empecilhos à expansão econômica no estado estão localizados no fraco desempenho da economia internacional, em especial de países e blocos importadores de produtos gaúchos. A Europa estagnada, os EUA cuidando mais da sua dinâmica debilitada não conseguem crescer, e a China em franca desaceleração, acabam por reduzir as suas importações. Entre os parceiros latino-americanos, o destaque negativo fica por conta de los hermanos argentinos que exacerbam o seu caráter protecionista não cumprindo nem mesmo alguns dos acordos comerciais em vigor. Os efeitos negativos externos sobre a economia gaúcha são tão fortes, que nem mesmo a valorização do dólar tem sido capaz de atenuá-la. Além disso, a falta de chuvas no RS tem se revelado devastadora para a produção da agropecuária (cerca de 1/3 do PIB-RS), reduzindo a produtividade, a renda e o emprego do setor.

Ciente de que essa tendência declinante da economia só pode ser revertida com medidas que fomentem o crescimento, o governo do estado associa-se à União no esforço de elevar os investimentos no RS, em especial naqueles que ampliem a diversificação industrial (caso da indústria naval), além de recuperar e ampliar a infraestrutura de transportes. Mas não só isso, diante de necessidades mais imediatas sinalizadas pelos indicadores negativos de produção nos dois primeiros trimestres de 2012, o governo do estado gesta um conjunto de medidas que objetiva ampliar as culturas beneficiadas pelo plano safra de inverno: imprimir agilização do plano de irrigação; desenvolver estudos para ampliar as Parcerias Público Privadas (PPPs) para infraestrutura; estabelecer incentivos à produção de leite, proporcionando mais renda para os pequenos e médios produtores e cooperativas; obter maior rapidez nos licenciamentos ambientais; e tratar de ampliar as compras governamentais da agricultura familiar. Esse conjunto de esforços articulados demonstra claramente que o RS está mobilizado no enfrentamento da crise externa e das dificuldades estruturais da economia regional.

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