OPINIÃO

Céu cinzento em 2013

José Antônio Alonso / Publicado em 27 de dezembro de 2012

A rotina de fim de ano impõe aos analistas a inclusão em suas pautas do exame do comportamento da economia no ano que finda e a realização de especulações a respeito do próximo exercício. A visualização do futuro, ainda que no curto prazo, é dificultada pela volatilidade que tem caracterizado o sistema mundial, em especial as economias mais desenvolvidas. A persistência da crise e os seus desdobramentos introduzem elementos de insegurança e incerteza nos analistas, o que acaba por dificultar as prospecções sobre o futuro.

Céu cinzento em 2013

Ilustração: Pedro Alice

Ilustração: Pedro Alice

O ano de 2012 foi marcado por resultados modestíssimos. O comércio internacional está em marcha lenta, diminuindo as possibilidades de que as exportações possam alavancar as economias no curto prazo. A projeção de crescimento da economia mundial em 2013 foi rebaixada de 3,9% para 3,6%, devido à crise na Europa e ao risco do “penhasco fiscal” (fiscal cliff) nos Estados Unidos. O problema americano (bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos públicos agendados para o fim do ano) será resolvido mediante o aumento do teto de endividamento público, vão “empurrar o problema com a barriga” para evitar agora o abismo da recessão e do desemprego. A China está longe da recessão, mas crescerá muito menos do que antes, ao mesmo tempo em que trata de realizar reformas que deem conta das crescentes demandas sociais. Na América Latina, a Argentina, nossa principal parceira comercial, experimenta uma deterioração econômica e insiste em práticas protecionistas, o que significou uma queda de 20% das exportações para aquele país em 2012. O cenário externo provindo das, outrora, “locomotivas” mundiais não é alentador, daí os tons de cinza mais fortes.

Quais as possibilidades de crescimento do Brasil nessa conjuntura para 2013? A política econômica tem procurado criar todas as condições e fundamentos para gerar um ambiente favorável ao desenvolvimento da produção e do consumo. Redução de juros, taxa de câmbio mais próxima do ideal, desoneração da folha de salários e crédito ao consumo são algumas das medidas de estímulo ao crescimento econômico. A safra agrícola é promissora para o próximo ano ao mesmo tempo em que os preços de algumas commodities estão em alta devido à seca que se abateu sobre a agricultura americana em 2012. Já a produção industrial no país tem oscilado ao longo do ano, demonstrando inconsistência na retomada de uma trajetória de expansão. Outra fonte de crescimento em 2013 provém dos investimentos em infraestrutura em geral, mas isso tudo depende da agilidade da gestão, pública e privada, dessas obras. Apesar de todas as limitações externas e dos entraves internos, os analistas, o Banco Central e o Ministério da Fazenda esperam um crescimento em torno de 4% em 2013.

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