Ilustração: Sica Ilustração: Sica
Livros de autoajuda, em sua maioria, são feitos de material reciclado. E não me refiro ao papel.
A maior parte da ajuda dos livros de autoajuda é o retorno financeiro, que vai pro bolso de três grandes necessitados: o autor, o editor e o livreiro.
Não se deve julgar um livro de autoajuda pela capa. Geralmente o designer não tem culpa. Devemos ser implacáveis é com o miolo.
As condições favoráveis para os livros de autoajuda surgiram bem antes da invenção do livro. Foi quando, em alguma antiga civilização, o estoicismo deu lugar ao coitadismo.
Não se sabe qual a receita para ser escritor de livros de autoajuda. Mas parece que não saber escrever, não ter conhecimento especializado e não ter experiência de vida é fundamental. Por isso proliferam.
Afora algumas religiões, hoje em dia existem várias e bem disfarçadas formas de obscurantismo. A mais bem-sucedida é o livro de autoajuda.
Se os livros de autoajuda fossem realmente eficazes, um sintoma evidente seria a diminuição da pilha desses livros na cabeceira dos seus leitores.
O lugar mais adequado para a venda de livros de autoajuda deveria ser a farmácia. Afinal, não é para lá que acorrem permanentemente os hipocondríacos?
Sabem qual o tipo de livro de autoajuda que mais beneficiaria a humanidade?
Aquele que não fosse impresso: imaginem quanto desmatamento se evitaria!
O rol de sofrimentos da humanidade é infinito. O que não impede que escritores de autoajuda inventem outro tanto.
As revistas semanais trazem listas dos mais vendidos em ficção, não ficção e autoajuda. Essa tripla lista é puro márquetim editorial – os livros de autoajuda podem muito bem ser enquadrados em ficção.
Tem todo tipo de picareta em todas as áreas e atividades, é verdade. Justiça seja feita, porém: nem todos escrevem livros de autoajuda.
Se um dia alguém lançar um livro de autoajuda para livrar as pessoas dos livros de autoajuda, este será outro best-seller do gênero.
Etc.