Ilustração: Sica
Ilustração: Sica
Adorei 2019! Que ano inacreditável para o Brasil e os brasileiros. Nunca houve um ano assim, formidável para todos os setores da vida nacional. Não custa relembrar.
O ano começou muito bem, com a posse na presidência do candidato mais humanista já eleito. Djair Bolsonauro e seus três S pessoais – sereno, sensato, sensível – se civilizou ainda mais ao declarar no seu discurso na rampa: “Farda, nunca mais!”
Seu slogan Democracia Acima de Tudo, Povo Acima de Todos arrebatou o país. Indicou ministros brilhantes: capazes de mais educação, saúde, cultura. Como mais segurança é impossível, pediu menos milícias.
Em maio, instituiu o impensável: elevou o salário-mínimo para mil dólares, dificuldade para a Casa da Moeda, que só emite reais.
Ao baixar juros, favoreceu o consumo, fez a indústria produzir mais e assim acabou com o desemprego da noite pro dia. Fez mais: diminuiu o IR dos pobres que ganham abaixo de 50 mil mensais e aumentou o dos bilionários, que se chatearam pela interrupção do seu bom momento desde as capitanias.
Conciliador, o presidente dialogou com a câmara e o senado. Novas leis proibiram as privatizações, o que veio proteger estatais como a Petrobrás, agora intocável. Por sua vontade, impediu os leilões do Pré-Sal e denunciou entreguistas, inclusive Paulo Guedes.
Quanto ao meio-ambiente, o competente ministro ampliou os poderes dos fiscais do Ibama, proibiu quaisquer queimadas na Amazônia. Em Brumadinho, obrigou a Vale a levar toda a lama para a sede da empresa, e ainda conseguiu que coasse as águas dos rios. Justíssimo, multou a Vale em bilhões de merrecas. Com esses recursos, proporcionou relento melhor para todos. Já nas praias do nordeste, aproveitou as manchas de óleo para abastecer refinaria recém-construída.
Não se pode esquecer, ainda, sua luta contra o nepotismo: mandou que Eduardo trocasse a embaixada nos EUA por embaixadinhas em times da série Z. E adestrou os seus outros filhos para ter bons modos, não falar com a boca vazia de ideias e não prejudicar o Brasil a não ser que seja para a felicidade da nação.
Mas foi no campo cultural que o presidente brilhou: se matriculou num telecurso 2º grau, decretou o fim de qualquer censura e triplicou as verbas das universidades. No lugar da escola sem partido, estimulou a abertura de rede de escolas sem damares.
Por fim, o presidente iniciou campanha nacional de melhorias da justiça sob o tema Chega de Moro! E à Lava-jato, pediu prioridade para investigar o envolvimento do Condomínio Vivendas da Barra no caso Marielle.
Se 2019 não tivesse sido tão positivo, aí eu diria: vade retro, retrospectiva!
Fraga é escritor, humorista, publicitário. Escreve mensalmente para o jornal Extra Classe.