Delegados da PF detalham investigações em audiência na Câmara nesta quarta-feira
A subcomissão que acompanha a Operação Zelotes, no âmbito da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, deve ouvir na manhã desta quarta-feira, 20 de maio, os depoimentos de delegados da Polícia Federal responsáveis pelas investigações.
Já está confirmado o depoimento do delegado da Divisão de Repressão a Crimes Fazendários da PF e coordenador da operação, Marlon Oliveira Cajado dos Santos. Também devem participar da audiência o diretor de Combate ao Crime Organizado, delegado Oslain Campos Santana; e o coordenador geral da Polícia Fazendária, delegado Hugo de Barros Correia. Eles irão relatar aos parlamentares como está o andamento das investigações e abordar as dificuldades enfrentadas devido a resistências do judiciário, que indeferiu pedidos de prisão, mantém a operação em caráter sigiloso e não autorizou novas escutas telefônicas. A quebra de sigilo permitiria a obtenção de novas provas e flagrantes já que há suspeitas de que os crimes investigados continuariam sendo praticados.
Foto: Luis Macedo / Ag. Câmara
Presidida pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP), a subcomissão foi criada por iniciativa dos deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Leo de Brito (PT-AC) e já ouviu o procurador Frederico Paiva, do 6º Ofício de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal, responsável pela Zelotes. Paiva afirmou na última quarta-feira que as decisões do judiciário estão dificultando as investigações e podem frustrar parte das denúncias que serão encaminhadas em junho ao judiciário.
REDE DE CORRUPÇÃO – Deflagrada em março, a Zelotes investiga uma sofisticada rede de corrupção formada por conselheiros, advogados da área tributária e servidores da Receita Federal ativos e inativos. A fraude, que movimentou R$ 19,6 bilhões em créditos tributários devidos à União por grandes empresas como os grupos Gerdau e RBS, Braskem, Petrobras, bancos Santander, Boston, Bradesco e Itaú, além de gigantes de energia e telefonia como a Light, Usiminas e Telemar, de acordo com o procurador, só se viabilizou por conta de uma organização criminosa muito bem articulada para burlar a tramitação de processos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) – órgão do Ministério da Fazenda que julga recursos de contribuintes que têm débitos bilionários junto ao Fisco. Os investigados poderão responder pelos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de influência, corrupção passiva, corrupção ativa, associação criminosa, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
CPI – No Senado, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), eleito presidente da CPI do Carf, afirmou que 780 empresas têm dívidas tributárias em análise pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda, e que as dívidas ultrapassam R$ 565 bilhões. A Comissão iniciou na terça-feira, 19, a investigar denúncias da Polícia Federal de prejuízos de R$ 6 bilhões aos cofres públicos já comprovados – auditores envolvidos na operação avaliam que a fraude pode superar R$ 19 bilhões. Oliveira afirmou que serão requisitados documentos sobre as investigações e requisitados depoimentos pela CPI. “Estamos lidando com poderosos, vai haver resistência”, ressaltou.
Ouça a íntegra do áudio da entrevista coletiva de integrantes da Polícia Federal e Receita Federal, coordenadores da Operação Zelotes de 26 de março de 2015:
https://soundcloud.com/edimar-1-1/operacao-zelotes