Estrategista das fake news transforma filho de Bolsonaro em “líder” da extrema-direita na América do Sul
Foto: Paola De Orte/Agência Brasil
Terceiro dos cinco filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) Eduardo, 34 anos, eleito com a maior votação para a Câmara dos Deputados, com quase 2 milhões de votos, está em alta na extrema-direita internacional. Na última semana, o polêmico Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca sob comando de Donald Trump, anunciou o deputado como líder na América do Sul do The Movement, organização de extrema-direita criada pelo ex-assessor do atual presidente dos Estados Unidos.
A entrada de Eduardo no grupo revela que The Movement, um contraponto declarado de Bannon à Open Society, de George Soros, pretende estender seus tentáculos além da proposta original de ser um consórcio europeu que tem ojeriza ao que chama de Globalismo, investindo fortemente no nacionalismo populista. A eleição de Jair Bolsonaro, que colocou à frente do Itamaraty Ernesto Araújo, discípulo do “guru” da direita brasileira Olavo de Carvalho, com discursos tão semelhantes aos propósitos do The Movement como a ideia de que o aquecimento global é uma “trama marxista”, certamente colocou o Brasil no centro das políticas dessa organização para a América do Sul.
Estratégia de fakenews e relações com grupos extremistas
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Apontado como o criador da exitosa estratégia de circulação de fakenews na eleição que levou Trump ao poder e, de certa forma, foi copiada pela base de apoio do presidente do Brasil, Bannon não chegou a esquentar a cadeira como assessor especial do presidente norte-americano na Casa Branca.
Suas ligações com o movimento All-right, que agrupa nacionalistas brancos como os que integram a Ku Klux Klan, organizações de caráter homofóbico e xenófobo, o tornaram uma presença incômoda, em especial após a marcha de grupos racistas e nazistas em Charlottesvile, na Virgínia, que terminou com uma morte em agosto de 2017 e com a carreira de Bannon, pelo menos sob os holofotes ao lado de Trump. Coincidência ou não, a relação de Bannon com extremistas e com os Bolsonaro também se evidenciou durante a campanha eleitoral, com a declaração de David Duke, ex-líder da KKK, sobre o então candidato à presidência Jair Bolsonaro: “Ele soa como nós”.
The Movement conspira até contra o Papa
Foto: Reprodução/ Twitter
O antigo conselheiro de Trump tem estreitado laços com católicos ultraconservadores que lideram a oposição ao Papa Francisco. Com eles está criando uma espécie de universidade nas proximidades de Roma, que servirá também para apoiar The Movement. Analistas apostam que por detrás dessa aliança, utilizando-se da “estratégia Bannon”, um sórdido plano para desestabilizar o Papa Francisco e influenciar em um próximo Conclave (eleição de um Papa) esteja sendo tramado.
Até aí a aproximação de Bannon com os Bolsonaro segue uma certa lógica. O jornalista Mino Carta, que classifica o “guru da nova direita brasileira”, Olavo de Carvalho, de “Napoleão do hospício” conjecturou em artigo se o presidente do Brasil enxerga Francisco como “’vermelho’ ou, simplesmente, comunista?”. Concretamente, a declaração de Bolsonaro em plena campanha eleitoral de que a CNBB e as pastorais sociais mais afinadas com Francisco seriam a parte podre da Igreja Católica dá a resposta.
“Francisco hoje é a voz da resistência aos falsos profetas do neoliberalismo e da violência da ultradireita, contra os fanáticos do Apocalipse e os graúdos donos do mercado. Suas palavras têm a força do açoite brandido por Cristo ao expulsar os mercadores do Templo. Do Brasil de Bolsonaro, Bergoglio só pode ser o maior inimigo”, decretou o jornalista em seu artigo.