POLÍTICA

Católicos abordam questões incômodas a governo brasileiro

Sínodo dos bispos para a região Pan-Amazônica vai condenar exploração, defender distribuição de terras, povos indígenas e meio ambiente
Por Marcelo Menna Barreto / Publicado em 18 de março de 2019
Francisco com indígenas da Amazônia peruana: a igreja católica incomoda Bolsonaro com o vanguardismo do papa

Foto: Vatican News/ Divulgação

Francisco com indígenas da Amazônia peruana: a igreja católica incomoda Bolsonaro com o vanguardismo do papa

Foto: Vatican News/ Divulgação

Temida pelo governo brasileiro, a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-amazônica já tem data definida pelo Papa Francisco, para ocorrer em Roma. De 6 a 27 de outubro, as atenções dos católicos estarão voltadas para esse bioma sob a luz da encíclica Laudato Si (Louvado seja), na qual o Papa aborda a necessidade de o mundo buscar o que chama de ecologia integral, o que deixou em alerta o Gabinete de Segurança Institucional do Brasil. “(O sínodo) quer falar de terra indígena, quer falar de exploração, de plantação, quer falar de distribuição de terra. Isso são assuntos do Brasil. O Brasil não dá palpite no deserto do Saara, na floresta das Ardenas, no Alasca”, disse recentemente o general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI, esquecendo-se da participação ativa do governo Bolsonaro em alinhamento ao governo dos EUA na crise da Venezuela.

Os povos indígenas originários nunca estiveram tão ameaçados quanto agora, alertou o pontífice em visita à floresta amazônica peruana no ano passado

Foto: Vatican News/ Divulgação

Os povos indígenas originários nunca estiveram tão ameaçados quanto agora, alertou o pontífice em visita à floresta amazônica peruana no ano passado

Foto: Vatican News/ Divulgação

Apesar de, em nota, o GSI negar que esteja investigando a Igreja Católica através da Abin, o portal Brasil Norte Comunicação (BNC) informou que dez militares de diferentes organizações das Forças Armadas na região amazônica participaram de um seminário organizado pela Arquidiocese de Manaus no início de março; sete “participaram de grupos de trabalho com temas que custam caro ao governo Bolsonaro: questões indígenas, mineração na Amazônia e meio ambiente”. Os militares estavam à paisana e faziam anotações.

SÍNODO – No último dia 10, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri, no Vaticano, comentou sobre o sínodo Pan-Amazônico: “o crescimento desmedido das atividades agrícolas, extrativas e de desmatamento na Amazônia não apenas danificou a riqueza ecológica da região, de sua floresta e de suas águas, mas também empobreceu a realidade social e cultural”. O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1967 nos processos finais do Concílio Vaticano II. São encontros com representação de parte do episcopado presente no mundo com o objetivo de apresentar sugestões ao Papa em forma de “proposições”.

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