Curitiba havia rejeitado delação que levou Temer à prisão
Foto: Reprodução
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A delação que levou hoje o ex-presidente Michel Temer e seu, então ministro, Moreira Franco, foi rejeitada em 2016 pela força tarefa da Lava Jato de Curitiba, que até agora não explicou o motivo. De fato, a recusa dos procuradores paranaenses só acabou surtindo o efeito de hoje, 21, porque em 2018 a Polícia Federal, sob os protestos do próprio Ministério Público Federal, realizou um acordo de deleção com Joaquim Antunes, um dos sócios da Engevix, homologado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal.
As delações premiadas chegaram a ser motivo de disputa entre o Ministério Público e a Polícia Federal até ser pacificado pelo Supremo. O MPF entendia que por lei era o titular da ação penal, alegando que acordos de colaboração não podem ocorrer sem a sua anuência, enquanto a PF argumentava que a da Lei de Organizações Criminosas dá aos delegados essa possibilidade e que, se a prerrogativa fosse retirada, isso prejudicará inúmeros inquéritos e ações em curso.
O certo é que a prisão de Temer hoje, na opinião de um Policial Federal ouvido pelo Extra Classe, evidencia a condução política por meio dos superpoderes do Ministério Público Federal nas decisões da Lava Jato. Sem querer ser identificado, o policial lembra que o MPF de Curitiba chegou a restringir o acesso da PF aos sistemas contábeis paralelos da Odebrecht, que continham as propinas pagas a políticos e agentes públicos. Os sistemas, na época, estavam sob a guarda do MPF e os policiais só conseguiam acessá-los com a presença de um representante do Ministério Público.
Na ocasião o delegado federal Josélio Azevedo de Sousa, na época coordenador de investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que a falta de acesso às informações sobre as propinas acabava provocando “atraso desnecessário” no andamento de inquéritos que foram abertos com base nas delações dos executivos da empreiteira.
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