Polêmica envolve indicação de pastora para o MEC
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O Ministério da Educação e Cultura (MEC) é hoje o exemplo mais bem-acabado do que disse recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o grau de desordem que assola o governo de Jair Bolsonaro (PSL): “início de governo é desordenado, mas o atual está abusando”. Em menos de uma semana, o ministro Ricardo Veléz Rodrigues foi chamado três vezes ao Planalto, no meio de uma dança das cadeiras sem precedentes no MEC. A polêmica da vez é a indicação feita por ele, via twitter, da pastora Iolene Lima para a Secretaria Executiva de uma das pastas mais cobiçadas – seja pelo papel estratégico de formulação de políticas públicas para a educação, seja pelo orçamento bilionário.
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Apesar das trocas de mensagens pela rede social em que agradece a indicação ao ministro, e de até ter acompanhado Véles em visita à escola Raul Brasil, em Suzano (SP), após o massacre de estudantes, no último dia 13, Iolene não foi oficialmente nomeada no Diário Oficial. Consultada pelo Extra Classe, a própria assessoria do MEC não soube informar se a educadora está ou não confirmada para o cargo. A indicação estaria sendo vetada pela Casa Civil.
Assim que Iolene foi anunciada informalmente por Véles, surgiram resistências de aliados de Olavo de Carvalho que viram na indicação influências do coronel-aviador da reserva Ricardo Wagner Roquetti, demitido do cargo de diretor de programa da Secretaria Executiva do MEC, no dia 10 de março; e de Luiz Antonio Tozi, secretário-executivo demitido por Vélez, mas que continua com seu nome ainda figurando no site do ministério como titular do segundo cargo mais importante da pasta.
O bate-cabeças no MEC é grave. Se confirmado que Iolene foi rejeitada pela Casa Civil, será a segunda escolha de Vélez a ser barrada no Planalto, o que pode colocar em risco a própria sobrevivência política do ministro que recentemente teve sua imagem muito arranhada pela iniciativa de pedir às escolas que gravassem os alunos cantando o hino nacional, com o adendo de proclamarem o slogan de campanha de Bolsonaro à presidência.
YOUTUBE – Referência como nome técnico entre religiosos evangélicos, mas praticamente desconhecida entre intelectuais da educação, Iolene trabalhou formando professores na escola Inspire, de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Ligada à Igreja Batista, a educadora expôs suas ideias em uma palestra no YouTube em 2013. Em pouco tempo, o método que Iolene advoga, “Educação por Princípios”, causou furor nas redes sociais. No vídeo disseminado, a possível número dois do MEC prega, em uma escola confessional, coisas como “educação baseada na palavra de Deus”; “o aluno aprende que o autor da história é Deus”; “o realizador da geografia é Deus”; “Deus fez as planícies, fez os relevos, fez o clima”; e “o maior matemático foi Deus”. Na conclusão do post, Iolene afirma ainda que “uma coisa é você ouvir que não pode escovar os dentes com a torneira aberta. Outra é o aluno ouvir que não pode porque tem um princípio na Bíblia que diz que você tem de cuidar de tudo, que é o princípio da mordomia. Deus deu, mas não é para você esbanjar”, prega.