POLÍTICA

Saída do presidente do Inep aprofunda crise no MEC

Marcus Rodrigues pediu exoneração após revogação, pelo ministro Vélez Rodríguez, da portaria que adiava avaliação da educação básica
Da redação / Publicado em 27 de março de 2019
Ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues

Foto: Agência Brasil

Ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues

Foto: Agência Brasil

A demissão do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, na última terça-feira, 26 de março, inaugurou mais um capítulo na crise interna do Ministério da Educação (MEC). No cargo desde janeiro, Rodrigues comandava o órgão do MEC responsável por exames como o Enem e passou a criticar o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, após sua exoneração.

O desligamento ocorreu após a repercussão negativa da portaria que adiava para 2021 a avaliação da alfabetização, prevista no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para este ano. A portaria foi revogada por Vélez, que disse não saber da decisão de adiamento e considerou a atitude de Rodrigues uma “puxada de tapete”, versão que foi desmentida pelo ex-presidente do Inep, logo após sua demissão.

“Eu não posso dizer que ele não sabia. Mas o secretário de Alfabetização (Carlos Nadalim) é provavelmente o colaborador mais próximo do ministro hoje. Os dois moravam na mesma cidade, são grandes amigos. Acho que dificilmente o Nadalim não tenha informado ao ministro sobre uma coisa tão importante. Mesmo porque o Nadalim não foi punido. Se o Nadalim tivesse traído o ministro, provavelmente seria exonerado”, disse Rodrigues.

Crise e críticas ao ministro

Em diversas entrevistas, Rodrigues tem criticado o ministro, chegando a afirmar que Vélez é “gerencialmente incompetente” e “não tem controle emocional” para ocupar o cargo. A crise se iniciou logo após sua nomeação, segundo ele, quando não aceitou indicações com caráter ideológico para ocupar diretorias do Inep. No cargo, Rodrigues defendeu a revisão do banco de questões do Enem, criticou “ideologias e crenças inadequadas” dentro das escolas e defendeu a ação dos militares no golpe de 1964. A expectativa é que o general Francisco Mamede de Brito Filho, seja o próximo presidente do órgão.

Vélez vem sendo criticado por sua atuação na pasta. O vice-presidente Hamilton Mourão disse recentemente em entrevista que o MEC precisava de um “freio de arrumação”. A permanência do ministro chegou questionada, mas foi garantida por Bolsonaro.

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