Veículos internacionais repercutem denúncias do Intercept
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As revelações do portal de jornalismo independente The Intercept e The Intercept Brasil sobre o esquema envolvendo o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e os demais procuradores do Ministério Público, acusados de usar politicamente as ações da Operação Lava Jato ganharam ampla repercussão internacional. Além do El País e do jornal norte-americano The Washington Post, que deu mais destaque à invasão do celular do juiz Moro por hackers do que o conluio entre juiz e promotores para retirar Lula da corrida presidencial de 2018.
A rede Al Jazeera, do Catar, afirmou que “Lula foi condenado para impedi-lo de se candidatar em 2018”. O Página 12, da Argentina, destacou o assunto com a cartola “Brasilgate”. Na matéria, afirma que “pesquisador norte-americano ganhador do Prêmio Pulitzer revela que Sergio Moro, o juiz que sentenciou Lula, e os promotores da força-tarefa projetaram falsidades que levaram à prisão do ex-presidente. Na Espanha, o La Vanguardia também repercutiu as revelações do Intercept: “Promotores brasileiros de combate à corrupção não tinham provas contra Lula”, destaca. O francês Le Monde afirma que as denúncias evidenciam que “a investigação anticorrupção sobre Lula visava impedir seu retorno ao poder. Os diálogos entre Moro e procuradores da Lava Jato ganharam ampla repercussão no site Deutsche Welle, da Alemanha: “Ministro do STF diz que colaboração entre juiz e procuradores afeta a equidistância da Justiça. “Moro e Dallagnol combinavam atuações na Lava-Jato”, aponta o Sputnik News, Rússia. O jornal espanhol El Diario afirma que “as conversas privadas entre os agentes públicos que participaram da Operación Lava Jato coloca em dúvida a imparcialidade da investigação”.
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O impacto das revelações sobre a imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro foi destaque nos principais veículos da América Latina. o canal argentino especializado em política El Destape trata as denúncias como “Sismo político no Brasil”, reproduz as conversas entre os procuradores e o então juiz da Lava Jato e destaca que alguns promotores confessavam que “rezavam para que o PT não voltasse ao poder”. O La Jornada, do México: “Chats do Telegram desnudam operação contra Lula no Brasil. Já o La Diária, do Uruguai destaca que “Mensagens entre procuradores e o juiz Moro mostram motivações políticas na ação judicial contra Lula. El Mercurio, Chile, avalia a interferência da Lava Jato nas eleições: “Site brasileiro assegura que a operação da Lava Jato agiu contra Lula para impedir a esquerda de volta ao poder”, diz.
A rádio ADN, do Chile também repercutiu os vazamentos, afirmando que “juiz e procuradores da Lava Jato coordenaram ações para encarcerar Lula”, e que entre as duas partes “não havia uma completa confiança nas provas” apresentadas contra o ex-presidente brasileiro.
Já o canal TeleSur, com sede na Venezuela, relata que “documentos revelam o papel político da Lava Jato contra Lula”, e que “Sergio Moro colaborou de forma secreta e antiética com os promotores da operação para ajudar a montar a acusação”.
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CONLUIO – O jornal espanhol El Pais publicou ampla matéria repercutindo o escândalo revelado pelo site The Intercept. “Em um relatório no jornal Intercept Brasil, o jornalista britânico Glenn Greenwald aponta que o então juiz Sergio Moro, agora ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, e o promotor da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol trocaram mensagens de texto durante a investigação do caso, algo proibido pela Constituição e pelo Código Penal Brasileiro”. O jornal explica que a Lava Jato, que desencadeou ações judiciais em vários países da América Latina, foi caracterizada por reunir um grupo de procuradores do MPF e o juiz Moro em uma única unidade. “Isso acelerou investigações e julgamentos que condenaram uma centena de pessoas, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está cumprindo uma sentença de prisão em Curitiba por um ano”. De acordo com a reportagem, as denúncias revelam que o atual ministro da Justiça orientou as investigações do chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, para facilitar as condenações: “Intercept teve acesso a mensagens trocadas entre os membros da investigação. Estes foram enviados por uma fonte anônima há algumas semanas. Os arquivos mostram que Moro sugeriu fontes, ordem de operações e assumiu um papel indireto para coordenar os processos que julgaria mais tarde”, resume.