Censura à mostra de cartunistas provoca protestos
Foto: Extra Classe
Começou com clima quente a sessão plenária da Câmara de Vereadores de Porto Alegre na tarde de hoje, 4, um dia após a presidente da casa, vereadora Monica Leal (PP), ter cancelado a exposição Independência em Risco, da Grafar, associação que reúne cartunistas, chargistas e ilustradores, entre eles nomes internacionalmente premiados. Monica Leal alegou que a mostra é ofensiva ao presidente Jair Bolsonaro e que não seguia a ideia original apresentado à Diretoria Geral da Câmara.
Manifestações nos corredores do prédio que sedia o parlamento culminaram com vereadores contrários à decisão da presidência projetando as obras censuradas durante seu tempo de fala no plenário.
Fisicamente presente por menos de 12 horas em um dos halls da Câmara Municipal de Porto Alegre, a mostra recebeu ainda ontem, 3, uma corrente de solidariedade. Mais de 30 grupos, instituições e coletivos, em especial vinculados à cultura e a liberdade de expressão, estão chamando para amanhã, 5, o Ato contra a Censura e pela Liberdade de Expressão, em frente ao legislativo municipal, às 12h30. Hoje, nos corredores do legislativo porto alegrense, inclusive, se viu a presença de dirigentes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) somando-se aos protestos.
A palavra dos artistas
Foto: Extra Classe
Em manifesto, a Grafar disse ontem que “A sociedade gaúcha defensora da cultura, da liberdade de expressão e da democracia repudia veementemente este ato de censura” e conclama “os democratas e humanistas a resistir a esta tentativa de instaurar no país o mais obscuro projeto de negação dos valores civilizatórios: liberdade, democracia e nação”.
Especificamente sobre o entendimento da presidente da Câmara e do vereador Valter Naigelstein (MDB), que fez um vídeo criticando fortemente os trabalhos que estavam expostos na Independência em Risco, Leandro Bierhals Bezerra, o Hals, presidente da Grafar afirmou: “A charge é a objetividade da subjetividade. Nós, chargistas, usamos a imagem com suas figuras de linguagem, tentando ser objetivos sem sermos primários, sem usar clichês ou fórmulas prontas, aquelas bem ao gosto popular. É inevitável interpretações errôneas, mal entendidos ou simples falta de capacidade cognitiva”.
Para Halls tudo o que está acontecendo na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em especial nos dias de hoje, faz parte do amplo espectro social que uma charge pode atingir. Mas, friza o artista, “uma coisa é não entender ou não concordar mas censura, isso é inadmissível.” Confira a Nota Pública da Grafar
Na Galeria abaixo, os cartoons censurados da mostra Independência em Risco.