Alberto Fernández eleito presidente da Argentina
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O peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, da coalizão Frente de Todos – com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice –, foi eleito no último domingo, 27 presidente da Argentina, ainda no primeiro turno. Fernández venceu o atual presidente, o neoliberal Mauricio Macri, com 47,99% dos votos, contra 40,48%. Até o início da manhã desta segunda-feira, estavam apurados 97,18% das urnas, com um total de 26 milhões de votos – 80,1% dos argentinos votaram nesta eleição. Para vencer a eleição no primeiro turno, Fernández precisava de 45% dos votos ou 40% mais dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Fez quase 48%.
A Argentina é o segundo dos três países sul-americanos que têm eleições em outubro a rejeitar o neoliberalismo. No dia 20, Evo Morales obteve a terceira reeleição e cumprirá o quarto mandato como presidente da Bolívia, com 46,87% dos votos contra 36,72% do candidato de oposição Carlos Mesa, de direita. Já nas eleições presidenciais do Uruguai, realizadas no domingo, 27, a disputa entre governista de centro-esquerda Daniel Martínez e o oposicionista Luis Lacalle Pou, irá para segundo turno, a ser realizado em 24 de novembro, já que nenhum candidato alncançou 40% dos votos. Com 99% dos votos apurados, Martínez tem 39.17% (939.363 votos) ante 28.59% (685.595 votos) de Pou.
Argentina: pior crise dos últimos 17 anos
O advogado e professor de Direito Penal, de 60 anos, e a ex-presidente, de 66, assumirão a presidência em 10 de dezembro, para governar um país de 44 milhões de habitantes, refém da pior crise econômica em 17 anos. Fernández, foi chefe de gabinete de Cristina e do marido, Néstor, de 2003 a 2015. Os “ajustes” implementados por Macri desde 2015 resultaram em uma inflação de 37,7% e aumento da pobreza em 35,4%.
Ele reafirmou que os depósitos bancários argentinos estão garantidos e repudiou a ideia de um eventual retorno da crise de 2001 – marcada pela conversão em pesos e congelamento dos depósitos. Desde as eleições primárias, os argentinos já sacaram mais de 12 bilhões de dólares em moeda norte-americana e na última sexta-feira, o Banco Central injetou 1,755 bilhão de dólares em reservas para frear a desvalorização do peso argentino.
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Para Fernández e Cristina, enfrentar a crise representa vencer também a desconfiança dos meios de comunicação e do sistema financeiro. Os bancos já tentam minar o governo eleito, taxando-o como um retorno do kirchnerismo. “Os tempos que vêm não são fáceis. A única coisa que nos preocupa é que os argentinos parem de sofrer”, disse Fernández, diante de milhares de apoiadores na noite de domingo. “Vamos voltar a construir a Argentina igualitária e solidária que todos sonhamos. Este é o compromisso que assumo e tomara que nossos opositores nesses quatro anos sejam conscientes do que nos deixaram e nos ajudem a reconstruir um país das cinzas que deixaram”, discursou.
Cristina Kirchner pediu ao atual presidente Macri que ao final do seu mandato “tome todas as medidas necessárias para aliviar esta situação dramática”. Fernández e Macri devem se reunir já nesta segunda-feira. Após a eleição, o neoliberal reconheceu a derrota e cumprimentou Fernández com a promessa de uma oposição “sadia e construtiva”. A coalizão de Macri, Juntos pela Mudança, reelegeu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que fez 55,51% dos votos, mas amargou mais uma derrota: o governo de Buenos Aires. O candidato peronista Axel Kicillof venceu María Eugenia Vidal por mais de 13 pontos e assumirá o governo da província.