Evo Morales reeleito na Bolívia
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O atual presidente da Bolívia, Evo Morales, do Partido para o Movimento Socialismo (MAS), foi reeleito pela terceira vez para o quarto mandato, nas eleições presidenciais do país no último domingo – com a contagem de votos encerrada na noite de segunda, 21.
A eleição foi decidida em primeiro turno. Morales obteve 46,87% dos votos, ante 36,72% de Carlos Mesa, seu principal opositor, com 96% dos votos apurados, segundo informações da rede de televisão multiestatal Telesur. Bolivianos residentes no exterior também deram ampla vantagem a Morales: 60,35% dos votos, contra 26,73% do principal adversário. Entre aqueles que vivem no Brasil 70,58% votaram pela reeleição.
Indígena da etnia uru-aimará, líder sindicalista dos cocaleiros, Juan Evo Morales Ayma, que completa 61 anos no próximo sábado, é natural do Orinoca, distrito no município de Andamarca, na província boliviana de Sud Carangas, departamento (estado) de Oruro, região oeste da Bolívia. Assumiu a presidência do país de 11 milhões de habitantes em janeiro de 2006, tendo como principal indicador a redução da pobreza extrema, de 36,7% naquele ano para 16,8% em 2015.
A legislação eleitoral boliviana estabelece que são necessários 50% dos votos válidos ou mais de 40% do total com 10% a mais que o segundo colocado. “Todos os dias começamos a trabalhar antes das cinco da manhã e terminamos depois da meia-noite. Entregamos trabalhos em três e até cinco departamentos todos os dias. Não quero ser o melhor presidente da história da Bolívia, quero ser o presidente da melhor Bolívia da história”, disse o presidente durante a campanha, referindo-se a uma eventual reeleição e prometendo manter o país como líder do crescimento econômico na América Latina e referência na distribuição de riqueza. Em novembro 2017, o Tribunal Constitucional da Bolívia autorizou a repostulação de Morales nas eleições presidenciais deste ano.
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AÉCIO BOLIVIANO – Durante a apuração dos votos, no domingo, os resultados parciais das eleições gerais na Bolívia geraram incerteza e tensão no país após a pausa na contagem que já dava vitória ao presidente Evo Morales, embora a oposição e setores da mídia conservadora ainda apostassem numa reação do ex-presidente Carlos Mesa. O candidato oposicionista de direita acabou derrotado e questionou o resultado das eleições – ensaiando uma futura sabotagem ao governo eleito como fez o seu similar brasileiro, Aécio Neves, nas eleições de 2014.
De acordo com os resultados parciais, com 83,7% dos votos contados, Morales, do Partido para o Movimento Socialismo (MAS), liderava o pleito com 45,28% dos votos contra 38,16% do candidato de oposição. Mesa, que governou a Bolívia entre 2003 e 2005 e concorreu pela aliança do Centro de Ciudadana (CC), acusou o Supremo Tribunal Eleitoral (STE) de ocultar resultados eleitorais e pediu uma mobilização nacional. Aos gritos “Evo, você perdeu! Que parte você não entendeu?”, o oposicionista foi recebido no Real Plaza Hotel, em La Paz, onde deu uma coletiva na qual repudiou a interrupção do escrutínio. Ele chegou a pedir uma mobilização popular em frente ao centro de informática do TSE para “tornar transparentes os dados”.
No domingo, o STE interrompeu a recontagem preliminar com 83,7% dos votos registrados, o que provocou as alegações de Mesa de uma tentativa de manipular os resultados e a observação dos veteranos da Organização dos Estados Americanos (OEA) da necessidade de computação ágil e transparente. O órgão eleitoral indicou que os resultados finais serão entregues em sete dias.
Sindicatos se mobilizam pela legitimação do pleito
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A Coordinadora Nacional para el Cambio (Conalcam), que reúne as principais organizações sociais do país, anunciou nesta terça-feira, 22, em entrevista coletiva, uma série de ações para defender o resultado das eleições gerais que levaram à reeleição do presidente Evo Morales.
O movimento operário boliviano declarou estado de emergência, o que implica mobilizações pacíficas na próxima quarta-feira, em rejeição às ações da direita que ignoram o resultado da participação popular. “Eles estão aproveitando e querem aproveitar essa situação eleitoral e isso não permitiremos”, afirmou o secretário executivo da Central Obrera Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi.
O anúncio do Conalcam ocorreu após reunião com o presidente Evo Morales, o vice Álvaro García Linera, o ministro Juan Ramón Quintana e o vice-ministro de Coordenação de Movimentos Sociais, Alfredo Rada, na Casa Grande del Pueblo, sede do governo em La Paz.