Ato contra fascismo e antirracista reúne milhares de pessoas em Porto Alegre
Foto: Igor Sperotto
Milhares de pessoas percorreram na tarde deste domingo, 7, as principais ruas do Centro de Porto Alegre num ato unificado contra o racismo e contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O ato reuniu entre 3 mil e 5 mil pessoas, de acordo com a Brigada Militar e os organizadores, e transcorreu sem incidentes com as forças policiais, que acompanharam todo o trajeto a distância. Foi o quarto domingo em que Porto Alegre registrou atos contra o governo.
Com faixas contra o governo e palavras de ordem antifascistas, os manifestantes realizaram a maior concentração das últimas semanas e se organizaram em dois pontos distintos da Capital: na Esquina Democrática ficaram as torcidas organizadas e militantes identificados com o chamado movimento antifa (antifascistas), enquanto na praça General Sampaio, nas proximidades do Gasômetro, se concentraram os apoiadores do coletivo Juntos, que integra o movimento Vidas Negras Importam.
Desde a manhã do domingo, soldados da Polícia do Exército (PE) e da Brigada Militar bloquearam todos os acessos à região ao Comando Militar do Sul, na rua dos Andradas, onde se concentravam os apoiadores de Bolsonaro. O bloqueio, que atingiu seis quadras, foi ostensivo, com grades que impediam inclusive a passagem de moradores. Ninguém furou a barreira.
Atos se intensificaram em todos os estados
Foto: Yasmin Velloso/Midia Ninja
Em todo o país, os atos contra o governo se intensificaram. Em São Paulo, milhares de pessoas se concentraram no Largo da Batata, local tradicional de protestos, e realizaram uma marcha. A organização foi da frente Povo Sem Medo. Segundo a PM paulista, cerca de 3 mil pessoas participaram do protesto – que ocorreu sem registros de violência ou vandalismo.
Em Brasília, pela manhã, também um ato reuniu centenas de manifestantes contra o governo, que caminharam pela Esplanada dos Ministérios. Nos dois atos houve forte aparato policial. As manifestações ocorreram em várias outras cidades brasileiras no dia em que o portal Covid-19 Brasil apontou que o país deverá assumir o segundo lugar em mortes na próxima sexta-feira, ultrapassando o Reino Unido e ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O estudo, da Johns Hopkins University, já aponta o Brasil como novo epicentro da pandemia no mundo.
Foto: Luiz Rocha/ Midia Ninja
Torcidas organizadas deram sustentação ao ato
Na praça General Sampaio, em Porto Alegre, a concentração reuniu poucas dezenas de pessoas com a pauta antirracista. Um dos coordenadores do Juntos em Porto Alegre, Gilvandro Antunes disse que o ato, inicialmente marcado para a quinta-feira, foi transferido como forma de unificar as duas reivindicações. “Defendemos a bandeira do impeachment de Bolsonaro porque o governo é racista e potencialmente fascista. Não é uma escolha estarmos aqui, é uma necessidade na medida que a luta antirracista se vincula diretamente à necessidade de barrar o fascismo”, afirmou.
Torcidas organizadas e anti-fascistas de Inter e Grêmio deram sustentação ao ato. A concentração da Esquina Democrática ganhou corpo e por volta de 14h partiu em caminhada. Das janelas dos edifícios, panelas e frigideiras bateram em apoio aos manifestantes durante todo o trajeto. Em alguns edifícios, panos pretos foram estendidos nas sacadas em sinal de protesto contra o governo.
A passeata também foi acompanhada por algumas dezenas de carros com bandeiras pretas, que promoveram um buzinaço. Faixas pediam o impeachment de Bolsonaro e exibiam nomes de pessoas negras vítimas da violência policial. O ato foi encerrado no Largo Zumbi dos Palmares.
Foto: Igor Sperotto
Veja a galeria com as imagens do ato (fotos: Igor Sperotto)