Ato em defesa da democracia em Porto Alegre será na Esquina Democrática
Foto: Reprodução/Twitter
Depois de uma semana em que o índice de violência oficial subiu, com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamando seus opositores de “maconheiros” e “terroristas”, entre outras ofensas, o ato em defesa da democracia e contra o racismo, marcado para este domingo, 7, em Porto Alegre, foi deslocado para a Esquina Democrática.
A justificativa é para evitar confronto com grupos de apoio ao presidente, provocado por eventuais agentes infiltrados na manifestação. Os atos vinham se realizando há três semanas em frente ao Comando Militar do Sul, onde os manifestantes que defendem o fechamento do STF e do Congresso se reúnem. A concentração será realizada mesmo com chuva, às 13h30, no local.
A reação às manifestações de ódio, que alcançou seu ponto máximo no domingo passado em São Paulo, tem sido liderada por grupos e torcidas organizadas de clubes de futebol identificados com o movimento antifascista. Nas últimas semanas, ganhou apoio dos partidos – apesar da recomendação de isolamento social, em decorrência da pandemia de coronavírus.
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Brigadas de segurança
“Estamos incentivando nossos militantes e participando ativamente dos atos, observando as medidas de segurança sanitária e também a neutralização de eventuais provocadores”, diz o presidente do PC do B em Porto Alegre, Adalberto Frasson.
Uma das medidas, que começa a ser implementada neste domingo, é a formação de brigadas de segurança orientadas a filmar e impedir qualquer ação de vandalismo. O Psol também integra a organização das manifestações.
A organização do ato não indica porta-vozes, em razão da segurança dos participantes, mas informalmente se discute a possibilidade de que a manifestação do domingo siga em marcha até a sede do Comando Militar do Sul no encerramento da agenda. Algumas lideranças também criticam a mudança do local da concentração porque avaliam que a Esquina Democrática é mais suscetível a eventuais atos de vandalismo.
Resistência a provocações
Nem todos os partidos identificados com a esquerda estão participando organicamente das manifestações. O PT, em nota da Executiva nacional publicada nesta quinta-feira, 4, se classifica como “solidário” aos atos democráticos, mas não há uma orientação de que seus militantes participem. O partido recomenda que os participantes usem máscaras e mantenham o distanciamento social, além de resistirem a eventuais provocações.
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Em Porto Alegre, o diretório municipal mantém a questão em aberto. “Fizemos um debate, mas não deliberamos. Avaliamos que o Estado passa, neste momento, por um período crítico na pandemia que exige comportamentos responsáveis. Mas quem quiser participar, terá nossa solidariedade”, afirma a presidente do diretório municipal do PT, Maria Celeste.
Líderes do PDT, Rede e PSB também publicaram manifesto conjunto em que “desencorajam” seus simpatizantes a participem dos atos, devido aos riscos da pandemia.
“Adiaremos à ida às ruas, pelo bem da população, até que possamos, sem riscos, ocupá-las em prol de todos”, diz a nota. Extraoficialmente, entretanto, a preocupação dos líderes é de que as manifestações sejam usadas para elevar a tensão e justificar medidas autoritárias por parte do governo.