Imprensa livre foi tema de ato unificado da oposição a Bolsonaro no Congresso

foto: Reprodução

Sob o tema Imprensa livre, democracia forte, partidos de oposição, ABI, Abraji e Fenaj realizaram ato nesta quarta-feira, 3 de junho

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Ato virtual em defesa da liberdade de imprensa marcou a primeira ação unificada da oposição ao governo Jair Bolsonaro. Com o tema Imprensa Livre, Democracia Forte, a atividade ocorreu nesta manhã, 3 e foi organizada pelos partidos ao lado da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). “É muito importante. Superaram suas divergências e, creio, abre um caminho muito grande de união para a oposição”, destaca o presidente da ABI Paulo Jeronimo de Souza, o Pagê.

O acerto entre a oposição foi sacramentado no final do dia 27 passado em reunião com todos os líderes dos partidos contrários à Bolsonaro na Câmara e no Senado. No encontro, as rusgas entre PDT e PT que eram um dos principais impeditivos até o momento para ações conjuntas foram deixadas de lado em nome da construção de estratégias contra o que os partidos chamam de “escalada autoritária” do presidente da República.

A abertura da live mostrou claramente o tom do ato. Um vídeo mesclou imagens como a do general Newton Cruz agredindo ao vivo o jornalista Honório Dantas em 1983 (na ocasião Cruz era Comandante Militar do Planalto no governo Figueiredo), com imagens presentes. Frases de Jair Bolsonaro agredindo jornalistas como “ela queria dar o furo”, “você tem uma cara de homossexual terrível”, “vou dar uma banana pra vocês”, se somaram a imagens de recentes agressões físicas desferidas por apoiadores do presidente a profissionais de imprensa.

Na abertura da live, o presidente da ABI lembrou os 112 anos de história de luta democrática da entidade, dos atentados a bomba sofridas no período ditatorial e a participação do presidente da época, Barbosa Lima Sobrinho, no combate ao arbítrio e na adesão imediata ao movimento das Diretas Já.

Pagê ainda fez questão de ressaltar a atuação da nova geração de profissionais da imprensa, em especial no esforço de informação sobre a pandemia mundial. Para ele, o dia 1º de junho, Dia Nacional da Imprensa, não houve motivos para comemoração. Além dos constantes ataques aos profissionais, Pagê lembrou que o Portal Imprensa registrou a morte de 64 jornalistas pelo novo coronavírus. “São profissionais que estão enfrentando uma série de obstáculos, combatendo as Fake News e todas as inverdades ditas por este governo e seus asseclas”.

Entre os jornalistas presentes na live (ver no final desta matéria), a colunista da Folha de S. Paulo Cristina Serra falou emocionada do seu inicio de carreira. Lembrou especificamente o momento da promulgação da Constituição Federal de 1988 onde, lembra, o presidente da Câmara Ulisses Guimarães cunhou a famosa frase: “Temos ódio e nojo da ditadura”.

Para Cristina, “na época eu percebi que iria exercer o jornalismo em um país livre. Eu ouço esse comando do Ulisses. Que ele nos empurre para frente”. A colunista entende que todas as gerações estão chamadas para esse momento. “A história está nos chamando. Somos maiores e melhores que este governo que está momentaneamente no poder. Chega! Basta!”, desabafou.

LÍDERES – O deputado federal André Figueiredo (PDT-CE, líder da oposição na Câmara, destacou no ato o desafio da coabitação de um dos mais difíceis momentos da humanidade com um governo que incentiva o descumprimento de medidas sanitárias e o “ataque sistemático às instituições”.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, disse que “não se conhece em nenhum período da história um momento em que a imprensa foi tão abertamente ofendida”.

Líder na minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE) lembrou a frase da então presidente Dilma Rousseff em meio ao conturbado período que culminou com o seu impeachment: “Eu prefiro o barulho às vezes dolorido da imprensa livre ao silêncio das ditaduras”. Guimarães ainda homenageou as torcidas dos mais variados times de futebol que saíram às ruas no domingo passado em defesa da democracia.

Já o líder na minoria no Congresso, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), lembrou que além das agressões à imprensa profissional, o ataque econômico que é destilado pelo governo Bolsonaro através do financiamento com verbas públicas de sites que espalham Fake News e discursos de ódio.

Ato contou com representantes de todos os partidos de oposição

O ato que se encerrou às 11h35 ainda contou com a presença das lideranças de todos os partidos de oposição que também fizeram uso da palavra. Uma possibilidade aventada ontem, 3, que contribuiu para a antecipação da atividade inicialmente organizada para as 14h30 acabou frustrada: a participação do PSDB e DEM, com a possibilidade da presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Baleia Rossi (MDB-SP), inscrito para o uso da palavra, no entanto, também não compareceu.

Além da ABI, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Abraji (Associação de Jornalismo Investigativo (Abraji) também estiveram presentes.

Assista na íntegra:

Quem participou

• Presidente da ABI: Paulo Jeronimo de Sousa
• Presidente da Abraji: Marcelo Träsel
• Presidente da Fenaj: Maria José Bragas

Jornalistas convidados:

• Cristiane Sampaio, Brasil de Fato
• Cristina Serra, colunista da Folha de S. Paulo
• Sylvio Costa, Congresso em Foco
• Tales Faria, UOL
• Vera Magalhães: Estado de São Paulo

Lideranças Políticas da Câmara dos Deputados

• Líder da Oposição: André Figueiredo (PDT-CE)
• Líder da Minoria: José Guimarães (PT-CE)
• Líder do PT: Paulo Pimenta, representando Ênio Verri
• Líder do PSB: Alessandro Molon
• Líder do PDT: Wolney Queiroz
• Líder do PSOL: Fernanda Melchionna
• Líder do Cidadania: Arnaldo Jardim
• Líder do PCdoB: Perpétua Almeida
• Representante do PV: Professor Israel
• Líder da Rede: Joenia Wapichana
• Líder da Oposiçã*o: Carlos Zarattini (PT-SP) – *Líder da minoria no Congresso

Lideranças Políticas do Senado Federal

• Líder da Oposição: Randolfe Rodrigues (Rede)
• Líder do PT: Rogério Carvalho
• Líder do PSB: Veneziano Vital do Rêgo
• Líder do PDT: Weverton Rocha
• Líder do Cidadania: Eliziane Gama