Trump foi engolido pela própria farsa e o movimento negro triunfou nos EUA
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O trumpismo ontem estrebuchou na forma de farsa, porque a natureza do Trumpismo é a farsa. A realidade imaginária, a fantasia, a negação do que é real. Essas fantasias estiveram à mostra ontem de forma violenta e três pessoas morreram. O que começa como farsa, termina como farsa. Fomos testemunhas de um “fake” golpe, uma “fake” crise constitucional. Foi o que cravou em suas mídias sociais na manhã desta quinta-feira, a economista brasileira Mônica De Bolle, que mora a apenas dez quilômetros do Capitólio, em Washington e tem sido uma contumaz analista da política norte-americana e brasileira. Ela é PHD, pesquisadora sênior e professora da Universidade Johns Hopkins. Mais uma morte foi confirmada após a manifestação da economista. A polícia confirmou quatro mortes e 52 prisões.
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Conforme De Bolle, o trumpismo se travestiu de farsa desde sempre e ontem essa máscara ruiu. “Não nas mãos dos invasores. Mas no trabalho de dez anos de uma mulher negra. Nada mais justo do que a realidade ser restaurada por uma mulher negra, uma mulher que criou uma coalizão democrática improvável no seio da supremacia branca. E a Democracia prevaleceu, com a retomada da sessão no Congresso e a certificação final das eleições”, explica.
oto: Reprodução/Twitter/Stacey Abrams
Ela se refere a Stacey Abrams, escritora e ativista negra, democrata e integrante do congresso estadual da Geórgia entre 2011 e 2017, que abandonou a corrida para o Senado e decidiu concentrar energias em organizar a população da região metropolitana de Atlanta para votar nas eleições, com o objetivo de retirar Donald Trump do poder e com ele seus apoiadores da Ku Klux Klan e supremacistas brancos.
Encenação da Guerra Civil
“O que vocês viram ontem foi uma encenação tosca e farsante de guerra civil, mas a solidez institucional daqui dos EUA mostrava que a montanha paria um rato. Sem os comentários incessantes na TV, com a TV muda, o significado da cena era bem claro. Penso que terminou um ciclo. Mas a violência marca a história americana desde sempre. Acabou, Trump!”, diz De Bolle.
Para ela, o evento mais importante do dia não foi a invasão dos supremacistas brancos ao Congresso, mas a vitória da Georgia que resultou em uma virada no Senado. O que abre um espaço muito importante para o que seria a grande novidade política na sua opinião.
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Vitória do movimento negro
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“Houve um levante do movimento negro que foi articulado durante dez anos. E esse levante fez com que um estado sulista, racista, cheio de supremacistas brancos virasse a favor dos democratas neste momento em que parecia que o supremacismo branco estava em seu auge. Então, se lermos bem os fatos, o fato mais importante foram as eleições na Georgia.
Ela explica que o contexto do que aconteceu nos EUA neste dia 6 de janeiro deve ser visto como uma encenação tosca da Gerra Civil americana. “São as mesmas linhas sendo traçadas e as mesmas linhas sendo atravessadas. Você tem o movimento negro de um lado com força com poder, com gente jovem, com muita vitalidade, conseguindo formar uma coalizão jamais vista aqui nos EUA. Uma coalizão unificadora de linhas muito distintas”, explica.
Implosão republicana
Para De Bolle, a invasão do Capitólio revela tudo aquilo que para quem estava de perto acompanhando os acontecimentos dos últimos quatro anos era evidente. A panela de pressão dentro do Partido Republicano estourou. “Isso que se vê nas imagens da TV é o supremacismo estrebuchante. É a morte do supremacismo. Temos o levante negro de um lado e a morte do supremacismo estrebuchante de outro”.
6 de janeiro, no seu ponto de vista, será lembrado como um dia marcante e histórico, pois demarca a divisão existente dentro do país, “mas agora uma divisão diferente. Já não é tão polarizada. Trata-se de uma divisão com outras linhagens, que precisa ser pensada de uma forma muito mais profunda do que pelas linhas simplórias das guerras culturais, pois não se trata mais disso. Trata-se de uma abertura para o novo. É isso que estamos vendo acontecer, embora de uma forma violenta”, avalia.
Comparação com golpe é equivocada
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“Precisamos ver o problema com maior distanciamento, apesar da violência ser preocupante, pois é resultado das palavras violentas de um presidente em exercício, mesmo que ainda por poucos dias no cargo, que possui total irresponsabilidade com as instituições do país”, conclui.
Às 19 horas desta quinta-feira, 7, De Bolle falará sobre o tema em live em seu canal do YouTube, quando discorrerá sobre as implicações com o Brasil.