Áudio expõe manobra de Dallagnol para obter dinheiro da Petrobras
Foto: MPF/Divulgação
Em uma nova leva de diálogos enviados pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), um diálogo do procurador Deltan Dallagnol defende que recursos financeiros da Petrobras, que na ocasião estava sob investigação no Brasil e nos Estados Unidos, ficassem com o Departamento de Justiça dos EUA, a quem se refere nos áudios como “DoJ” (Departament of Justice).
O então coordenador da autointitulada força-tarefa da Lava Jato, Dallangnol, literalmente diz a uma pessoa chamada “Juli”, conforme a transcrição do áudio, que só seria possível conseguir verbas da estatal brasileira utilizando recursos processuais do Departamento de Justiça dos EUA daquele país, o seja, do “DoJ”.
“Não se sujeitando, não existe uma causa legal pra cobrar do Brasil. Não existindo uma causa legal pra cobrar do Brasil, vamos retomar aquele texto do DoJ”, fala o procurador da Lava Jato.
Em 2018, a Petrobras fechou com o “DoJ” um acordo de US$ 853 milhões. Do total, R$ 2,5 bilhões voltaram ao Brasil e foram depositados em uma conta da 13ª Vara Federal de Curitiba sob a administração dos procuradores responsáveis pela Lava Jato.
Fundação da Lava Jato
Sob a liderança de Dallagnol, o Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) queria que o dinheiro fosse destinada à criação de uma fundação que gerisse alegados programas anticorrupção. As intenções quando se tornaram públicas pela imprensa, foram barradas no MPF por considerar que teriam finalidade político-partidária de projetos pessoais dos integrantes da força-tarefa, o que inclui o ex-juiz Sergio Moro, julgado por Suspeição no STF nesta terça-feira, 9.
À época, o ministro Alexandre de Moraes, do MPF, concedeu liminar para suspender o acordo firmado entre a Petrobras e procuradores da força-tarefa da Lava-Jato. Ele também determinou o imediato bloqueio de todos os valores depositados pela Petrobras. O dinheiro ficou em depósito judicial até que a Corte tomasse decisão definitiva sobre o caso. A decisão foi tomada a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), que recorreu à Corte contra a criação da fundação. Posteriormente, em setembro de 2019, PGR, AGU e Congresso concordaram em aplicar os R$ 2,5 bilhões em ações de educação e preservação da Amazônia. O acordo foi homologado pelo Alexandre de Moraes em setembro de 2019.
Ouça o áudio de Deltan DAllagnol.