Direita contra Bolsonaro
Foto: Reprodução/MBL/Divulgação
Aqueles que marcharam para derrubar Dilma Rousseff em 2016, depois elegeram Jair Bolsonaro em 2018, mas se arrependeram em 2021 e, apesar de favoráveis ao seu impeachment, jamais votariam em Lula em 2022, estes também já têm uma passeata para chamar de sua.
Os setores da direita que romperam com o governo – Movimento Brasil Livre (MBL), Livres e Vem pra Rua – convocam protestos e caminhadas no domingo, 12, contra as políticas de Bolsonaro e pró-impeachment. Ao longo da semana, os organizadores negociaram com os movimentos de esquerda para se juntarem às manifestações. Leia nota.
Conservadores, setores de direita, de centro-esquerda e de esquerda anunciam marchar juntos em pelo menos cinco estados, mas sem darem-se as mãos. A proposta é dar uma resposta imediata aos atos com pautas antidemocráticas e discursos golpistas convocados pelo presidente e que ocorreram no feriado da Independência em diversas partes do país, principalmente nos dias 6 e 7 de setembro. Lideranças de movimentos ligados a sindicatos, estudantes e partidos de esquerda já amarraram participação em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre.
MBL negocia participação de setores de centro e esquerda
Participam das negociações junto ao MBL e Vem pra Rua movimentos como a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), centrais sindicais e partidos como o PDT, PCdoB e PSDB. O PDT afirmou em nota que apoiará nacionalmente todos os atos democráticos pelo impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro, incluindo o programado para o próximo domingo, 12 de setembro. A definição foi referendada, na quarta-feira, 8, pelo presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, em reunião com lideranças do PSB, Cidadania, Rede, PT, PSol, PCdoB, PV e Solidariedade.
“É uma reação do campo democrático à escalada golpista do bolsonarismo. Decidimos apoiar toda e qualquer manifestação democrática pelo impeachment, a começar por essa de domingo, 12, independente de quem a convoque”, afirmou Lupi. O próprio Ciro Gomes, presidenciável do PDT, divulgou em sua conta do Twitter que comparecerá ao ato na Avenida Paulista.
É hora de unirmos forças da esquerda à direita pelo impeachment desse presidente tirano e incompetente. Todos aqueles que realmente querem a saída de Bolsonaro precisam estar juntos neste momento, sem cálculos eleitorais para 2022 e sem sectarismos oportunistas. É o que afirma o documento.
A tratativas entre as diferentes forças políticas, até as vésperas dos protestos, têm ocorrido no sentido derrubar a proibição a símbolos e roupas que remetam a partidos e movimentos de esquerda.
PT, CUT e PSOL não participarão
Também na quarta-feira, 8, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou em nota que “não participará, não convocará e não faz parte da organização de nenhuma manifestação/ato, anunciada para o próximo dia 12 de setembro”.
Conforme a nota à imprensa da CUT, o ato foi convocado por grupos de direita, como MBL e Vem Pra Rua, que contribuíram com o golpe de 2016, que foi contra o Brasil e os brasileiros, e que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro. “Desde então, além das crises social, econômica e sanitária, a classe trabalhadora vem sofrendo uma série de ataques contra seus direitos”.
No aviso à imprensa, a direção da Central, que é a maior do país, destacou que “reforça seu compromisso com a pauta da classe trabalhadora, por empregos de qualidade, salário e renda”.
A CUT assinalou que sua luta, além do impeachment, também é contra toda e qualquer proposta de retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, contra as privatizações, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa, que desmonta o serviço público, contra a fome e a carestia.
Na quinta-feira, 9, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o seu partido não participaria dos atos do dia 12. Segundo ele, há um pré-acordo com outras siglas para um ato em outubro.
Na mesma linha, Gleisi Hoffmann, que preside o Partido dos Trabalhadores (PT) também disse que não participaria por não ter sido convidada. Ambas as forças políticas entendem ser complicado aderir a atos que não ajudaram a construir e a organizar.