POLÍTICA

Senadores cobram ações inclusivas do ministro da Educação

Milton Ribeiro segue dando explicações sobre suas afirmações preconceituosas contra alunos com deficiência. Desta vez, foi confrontado por senadores
Por Gilson Camargo / Publicado em 16 de setembro de 2021

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Milton Ribeiro foi enquadrado pelo senador Contarato (C) em audiência pública da comissão de educação presidida por Marcelo Castro (MDB-PI): “os atos falam mais do que palavras”

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Depois de afirmar em entrevista que estudantes com deficiência “atrapalham” outros alunos e afirmar publicamente que “é impossível a convivência” com crianças com algum grau de deficiência, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu desculpas “a todos que se sentiram ofendidos” nesta quinta-feira, 16, em audiência pública na Comissão de Educação (CE) do Senado. Apesar de elogiarem a postura, senadores afirmaram que as desculpas devem ser acompanhadas por ações.

Convidado pelos senadores a explicar essas e outras declarações sobre a inclusão de estudantes com deficiência nas escolas, Ribeiro disse que não teve a intenção de “magoar” e reconheceu a inadequação das colocações preconceituosas. “Minhas palavras não foram adequadas. Não representa meu pensamento. Quero reiterar meu sincero pedido de desculpas a todos que de alguma forma se sentiram ofendidos. O ministro da Educação não é essa pessoa que foi pintada. Esse foi meu grande erro”, recuou.

Ribeiro afirmou que a posição do Ministério da Educação é que alunos com deficiência devem estudar em escolas regulares e que o sistema deve ser “inclusivo”. Ele apontou que alguns pais e mães de crianças com deficiência disseram ter “entendido” o que ele quis dizer. O ministro apontou ainda que o MEC investiu cerca de “meio bilhão” de reais em medidas de acessibilidade e capacitação de professores nos últimos dois anos.

Consternação

Numa entrevista de agosto, o ministro afirmou que cerca de 12% das crianças com deficiência não teriam condições de estudar junto com outros alunos sem deficiência. A fala de Ribeiro, entre outras reações, gerou uma nota de repúdio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), no dia 20.

Pastor presbiteriano, teólogo e advogado, Ribeiro, que foi nomeado pera o cargo por Bolsonaro para agradar a ala evangélica do governo. Ao reacender a pauta ideológica no MEC, vem colecionando frases desastrosas em pouco mais de um ano de mandato. Ribeiro tomou posse em julho de 2020. Ele substituiu outro nome pródigo em grosserias e incompetências no comando do MEC, Abraham Weintraub, que chegou a ser condenado pela justiça após afirmar que as universidades públicas “cultivam maconha”.

Cobranças

Autor do requerimento (REQ 7/2021) para ouvir o ministro em audiência pública, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) observou que as afirmações causaram “estranheza e consternação geral”. Ele, no entanto, elogiou a atitude de Ribeiro em reconhecer que errou e pediu que o ministro siga reafirmando a defesa da inclusão. “É muito bom estar diante de uma pessoa que sabe pedir desculpas. Reconhecer o erro. Não quero imaginar que esses 12% não possam ter o direito de conviver com o outro”, apontou o senador.

Já Fabiano Contarato (Rede-ES) cobrou ações que demonstrem de fato seu arrependimento. “O senhor não deve pedir desculpas apenas a quem se sente ofendido, mas a todos. A sociedade brasileira merece um pedido de desculpas, mas com medidas de inclusão, com ação. A escola tem que ser inclusiva, plural. Os atos falam mais do que palavras”, disse Contarato.

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