CPI aprova requerimentos para investigar denúncias de irregularidades na Prevent Senior
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
A CPI da Pandemia aprovou quatro requerimentos para aprofundar as investigações sobre a Prevent Senior. O plano de saúde foi acusado de irregularidades durante o atendimento de pacientes diagnosticados com covid-19. Os requerimentos preveem o depoimento de médicos e clientes da operadora, além de um representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que tem função de fiscalizar a atuação da empresa.
O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sugeriu a convocação de Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, presidente da ANS. Segundo o parlamentar, Paulo Roberto Vanderlei deve “prestar esclarecimentos sobre as ações e medidas adotadas pela agência para coibir e responsabilizar irregularidades praticadas pela operadora”.
Segundo Randolfe, a CPI “obteve evidências de inúmeras e gravíssimas irregularidades cometidas” pela Prevent Senior. Entre elas, cerceamento da autonomia médica, distribuição do kit covid, aplicação de terapêuticas não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e fraude em estudo clínico sobre a eficácia de drogas como hidroxicloroquina e azitromicina.
Médicos
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) propôs a convocação dos médicos George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert. Em depoimento à CPI, o diretor executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que os dois profissionais “manipularam dados de uma planilha interna para tentar comprometer a operadora”. Os médicos foram demitidos da empresa em junho de 2020.
“De acordo com o diretor-executivo, a planilha divulgada pelos médicos contém graves divergências em relação ao documento original. Além disso, os médicos George Joppert e Andressa Joppert supostamente acessaram a planilha depois do desligamento da empresa e transmitiram as informações para a advogada Bruna Morato, antes da divulgação dos dados pela imprensa”, alega Rogério.
Em depoimento à CPI na terça-feira, 28, a advogada revelou que houve um pacto da Prevent Senior com o Ministério da Economia para validar o chamado “tratamento precoce” como forma de tentar evitar o lockdown, reforçou a atuação do “gabinete paralelo” e do governo federal na defesa de medidas sem comprovação científica na pandemia e apontou o envolvimento do ministro Paulo Guedes e da ANS.
Eutanásia
Para a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), a Prevent Senior praticou eutanásia ao, segundo as denúncias de médicos e pacientes, orientar o “tratamento paliativo” sem possibilitar a reversão do estado clínico do doente com o tratamento convencional.
A senadora questionou a advogada se os médicos que acusam a Prevent Senior de irregularidades chegaram a se reunir com integrantes do “gabinete paralelo” como os médicos Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto. Bruna informou que a Prevent Senior oferecia aulas aos profissionais e, nessas ocasiões, eram expostos possíveis casos e estudos de sucesso com o tratamento com uso de medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19.
A CPI aprovou ainda a convocação de outro profissional que atuou no enfrentamento à pandemia em hospitais da Prevent Senior. O depoimento do médico Walter Correa de Souza Neto foi sugerido pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
O parlamentar sugeriu ainda um requerimento de convite para Tadeu Frederico Andrade, cliente do plano de saúde. Ele deve falar sobre outra denúncia que pesa contra a Prevent Senior: o encaminhamento de usuários para os chamados cuidados paliativos, conjunto de medidas destinadas a reduzir o sofrimento de pacientes considerados incuráveis.
Segundo Humberto Costa, a Prevent Senior prescreveu o kit covid para Tadeu Andrade em dezembro de 2020. “Seu quadro clínico se agravou, necessitando de internação em unidade de tratamento intensivo. Após um mês na UTI, a equipe da Prevent queria tirá-lo da internação para economizar custos, colocando-o sob cuidados paliativos. A família se recusou a aceitar tal mudança. O senhor Tadeu se recuperou e, vivo, denunciou a Prevent Senior à CPI e ao Ministério Público de São Paulo”, disse o senador.
Relatório
O relatório da CPI da Pandemia deverá ser votado no dia 20 de outubro. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou para a próxima semana os três últimos depoimentos, com excepcionalidade para o caso de surgir alguma informação totalmente nova e fundamental. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), responsável pelo parecer, afirmou que o relatório está praticamente finalizado. Entre os 32 investigados pela CPI estão o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, seu antecessor, Eduardo Pazuello; o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR); e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni.