Assembleia Legislativa do RS cassa deputado bolsonarista
Foto: Joel Vargas/ ALRS
Com votos da oposição e da bancada do Novo, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) aprovou, na terça-feira, 22, a cassação do mandato do deputado Ruy Irigaray (PSL), por irregularidades no uso de funcionários de seu gabinete. Após um ano de análise em comissões, os deputados decidiram em plenário, por 45 votos favoráveis e três contrários, que o parlamentar deveria perder seu mandato. Além do Novo, a cassação teve votos favoráveis de parlamentares de outros da base governista, como o próprio PSL, que procuraram se descolar do escândalo.
Líder do Partido Novo, o deputado Fábio Ostermann acompanhou o caso desde o início e cobrou celeridade no processo. “Diante das graves irregularidades apuradas, a Assembleia concedeu hoje uma resposta à sociedade gaúcha. Esperamos que os episódios relatados sejam pedagógicos para o andamento da Casa, que deve servir de exemplo para a sociedade”, ressaltou Ostermann.
Em fevereiro de 2021, Ruy Irigaray foi acusado por ex-assessoras de utilizar mão de obra de servidores vinculados ao seu gabinete para a reforma de um imóvel e em tarefas domésticas. Na ocasião, os funcionários de cargos comissionados (CCs) alegaram que as atividades estavam fora das funções para as quais haviam sido contratados.
De acordo com a Bancada do Novo, como apontado nas comissões, o processo é robusto e apresenta provas concretas que comprovam as irregularidades cometidas na utilização de assessores pagos com dinheiro público.
A denúncia foi aceita pela Comissão de Ética, da ALRS, que instalou uma subcomissão processante para analisar as irregularidades. Em novembro, a subcomissão apresentou relatório, aprovado por unanimidade pela comissão, recomendando a cassação do mandato de Irigaray por promover o desvio de função de servidores de seu gabinete. O processo seguiu para aprovação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) até chegar ao plenário.
Reação
Irigaray reagiu com indignação à cassação. Ele alegou que foi vítima de uma “trama política”, mas de forma contraditória acusou “a mídia” de perseguir e cassar parlamentares.
“Esse parlamento foi induzido ao engano, ao erro, no momento em que os documentos foram adulterados, em que se tem uma trama política por trás disso aí”, reclamou.
O parlamentar cassado se disse vítima de perseguição política, “não contra mim, amanhã serão outros, nem acredito que seja do parlamento gaúcho, mas sim de uma mídia que não ataca só a mim, que sou de direita, mas ataca a todos os deputados, de todas as agremiações aqui, uma mídia que cassa parlamentares”, atacou.
Por fim, o deputado sustentou que não há provas contra ele no inquérito. “Não tem um vídeo, não tem um áudio meu em todo esse inquérito. Não tem uma ordem minha, não tem uma vírgula pedindo pra alguém fazer alguma coisa ou pegar dinheiro ou fazendo fake news. Não tem nada disso em todo esse processo que são quase 1,5 mil páginas”, protestou.
Em sua conta no twitter, Irigaray acusou a Rede Globo, o PSol e o PT. “Uma matéria mentirosa feita pela Rede Globo, posteriormente denunciada na Assembleia Legislativa pela deputada Luciana Genro (PSol), motivou a cassação do meu mandato. Com a presidência do PT na ALRS, o processo foi levado ao Plenário, com o intuito claro de me tirar da política”, reclamou.
Militantes pagos
Foto: Facebook/ Reprodução
O vereador de Porto Alegre Leonel Radde (PT) postou em seu perfil do facebook fotos de pessoas que teriam sido pagas pelo parlamentar para protestar a favor dele durante a votação.
“A direita se utiliza da miséria. As pessoas que aparecem nas fotos estavam na Assembleia Legislativa em manifestação favorável ao deputado Ruy Irigaray. Vestiam camisetas do Bolsonaro e portavam bandeiras do Brasil.
Após a cassação do deputado bolsonarista, receberam dinheiro (R$ 20,00) de alguém que estava dentro de um carro estacionado a poucos metros do local”, disse Radde.