Arthur do Val renuncia em meio ao processo de cassação
Foto: Instagram/ Reprodução
O deputado Arthur do Val (União Brasil) renunciou nesta quarta-feira, 20, ao mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo depois que o Conselho de Ética da Alesp aprovou, por unanimidade, o processo que poderia gerar a sua cassação. Apesar da renúncia, caso venha a ser cassado, o deputado perde os direitos políticos por oito anos, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
Ele é alvo no colegiado de 21 representações que pedem a cassação por quebra de decoro parlamentar por assédio e declarações sexistas contra refugiadas de guerra ucranianas.
Ao renunciar, o parlamentar que se elegeu em 2018 pelo Podemos por conta do número de seguidores ao misto de besteirol e fake news que divulgava em seu canal Mamãe Falei, no youtube, queixou-se de perseguição.
“Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política. Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos”, ameaçou.
Quebra de decoro
Os nove integrantes do conselho acataram o parecer do relator Delegado Olim (PP) de quebra de decoro por parte do parlamentar após a divulgação de áudios vazados no início de março, quando o deputado viajou até a Ucrânia a pretexto de prestar ajuda humanitária a refugiados.
Nas gravações, ele afirma que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”, chama de “deusas” mulheres em uma fila de refugiados do conflito e diz que não pegou ninguém porque não tinha tempo.
“É sem noção, cara, é inacreditável, é um bagulho fora do sério. Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui. Eu tô mal, tô triste porque é inacreditável”, debocha nos áudios. Em outra gravação, ele diz que “as cidades mais pobres são as melhores”, “elas olham. São fáceis, porque elas são pobres”.
À época, ao ser confrontado com as ofensas, o deputado bolsonarista chorou e pediu desculpas, o que não o livrou do processo de cassação.
Após a aprovação do parecer, o processo é submetido à Mesa Diretora para encaminhamento da votação em plenário da proposta da cassação, na forma de projeto de resolução. São necessários 48 votos dos 94 parlamentares da Alesp para aprovar a cassação.