POLÍTICA

Congresso deve derrubar veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo

Proposta prevê o repasse de R$ 3,86 bilhões do Fundo Nacional de Cultura para socorrer o setor cultural que ficou paralisado durante a pandemia
Da Redação / Publicado em 6 de abril de 2022

Foto: Reprodução

Ator Paulo Gustavo empresta o seu nome a projeto que destina R$ 3,8 bilhões para socorrer setor cultural, afetado pela pandemia

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O Congresso Nacional pode derrubar o veto integral do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao projeto de lei batizado de Lei Paulo Gustavo, que previa o repasse de R$ 3,86 bilhões em recursos federais a estados e municípios para o enfrentamento dos efeitos da pandemia da covid-19 sobre o setor cultural.

A mensagem de veto foi publicada na edição desta quarta-feira, 6, do Diário Oficial da União (DOU). Para vetar a proposta, Bolsonaro usou um argumento falso. O Planalto alega que o texto destina recursos do orçamento ao setor sem apontar a fonte da receita para compensar a despesa. A fonte dos recursos é evidenciada no projeto: Fundo Nacional de Cultura (FNC).

Apresentada pelo senador Paulo Rocha (PT-PA) com o apoio de outros parlamentares, a proposta liberava recursos do FNC para fomento de projetos culturais (PLP 73/2021) e visava homenagear o ator e humorista Paulo Gustavo, que mo

rreu em maio do ano passado, vítima da covid-19. O texto foi encaminhado à sanção em março.

Diante da notícia, alguns senadores já começaram a se mobilizar pela derrubada do veto.

“O presidente Bolsonaro vetou apoio de R$ 3,8 bilhões ao setor cultural. Mas nós vamos derrubar! A pressão começa agora”, escreveu o senador Paulo Rocha em sua conta em uma rede social.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) também lamentou a decisão de Bolsonaro de vetar a ajuda ao setor cultural:

“Não surpreende o veto de Bolsonaro à Lei Paulo Gustavo porque este é um governo que odeia a cultura. Mas o veto também denota imensa falta de visão, pois investimentos no setor ajudam o Brasil a sair da crise. Cultura é boa por si só, mas também gera emprego e renda”, defendeu a parlamentar.

Interesse nacional

Para custear o repasse de R$ 3,86 bilhões, a proposta autorizava o uso de recursos advindos do superávit financeiro do FNC. A proposta também alterava a Lei de Responsabilidade Fiscal para permitir que os entes federativos excluam os recursos recebidos da meta de resultado primário.

Ao vetar o projeto, o governo alegou que a proposta contrariava o interesse público já que criava uma despesa sujeita ao teto de gastos — regra que limita o crescimento da maior parte das despesas públicas à inflação.

Durante a votação da proposta, o relator, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), afirmou que o investimento em cultura é um tema de interesse nacional.

“A cultura não é sinal de trânsito: não é vermelha, amarela ou verde. Não é de esquerda, de centro ou de direita. Cultura tem a ver com a nossa tradição. O país não aguenta mais essa discussão infrutífera e mesquinha que prega que não devemos investir em cultura para não beneficiar lado A ou B. Cultura é enriquecimento intelectual”, apontou o parlamentar.

Para a rejeição do veto é necessária a maioria absoluta dos votos de deputados e senadores (257 votos na Câmara e 41 votos no Senado).

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