Colégio Farroupilha recua de decisão que vetava manifestações, mas favorecia candidato
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O Colégio Farroupilha de Porto Alegre reviu o seu posicionamento que proibia a seus alunos promover qualquer manifestação de conotação eleitoral para esse segundo turno, mas permitia o uso da bandeira nacional. A decisão foi contestada pela comunidade escolar que viu nessa exceção um favorecimento às campanha dos candidatos do PL à presidência da República e ao governo do estado no segundo turno.
A instituição decidiu recuar da sua posição após uma série de denúncias registradas em primeira mão pelo Extra Classe no último 7 de outubro. A Associação de Mães e Pais pela Democracia (AMPD) contestou a decisão da escola junto a diversos órgãos como o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Eleitoral (MPE) e Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS).
No dia 3, após a votação de primeiro turno, o Colégio emitiu um comunicado com a determinação. Alegava que, diante da “polarização” verificada na sociedade, estava proibindo “bandeiras, vestimentas ou acessórios com símbolos de partidos políticos”. Deixou liberada, no entanto, o uso da bandeira nacional, algo visto como parcial por juristas ouvidos pelo Extra Classe – já que os símbolos nacionais foram apropriados pela campanha bolsonarista.
Segundo o comunicado enviado pela direção da escola aos pais e alunos, “por ser um ícone da nossa nação”, a bandeira não seria proibida, desde que não cobrisse o uniforme escolar e não fosse usada “como elemento mobilizador de manifestações políticas”.
Manifestações sem restrição
Imagem: Reprodução
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Desta vez, no novo informe do Farroupilha, a instituição declara que “a escola é um espaço de formação e de incentivo ao pensamento crítico, de valorização do diálogo, da escuta e da pluralidade de saberes e pontos de vista”. O comunicado mostra um certo desconforto da direção ao registrar a reconsideração. “Apesar das informações improcedentes que circularam pelos mais diversos canais, temos vivenciado a liberdade de expressar as diferentes opiniões sem que essas se sobreponham ao respeito e à boa convivência”, argumenta.
Procurada pela reportagem, a direção do Colégio informou que não iria se manifestar sobre a nova posição e também não concordou em enviar cópia do documento por entender que o assunto é uma “questão interna”.
A presidente da AMPD, Aline Kerber, comemorou. Segundo ela, a “conciliação” do Farroupilha com o MPF foi um resultado que possibilita a liberdade de expressão de todas as partes na escola. Em nota, a entidade destaca “o pluralismo de ideias em um momento tão decisivo da nossa história”.
Segundo Aline, o conhecimento da AMPD é que a circular do Farroupilha foi encaminhada somente aos pais dos alunos. “Não tomamos conhecimento de um documento para funcionários e professores. Para nós, ficou essa pendência”, conclui.