Em eleição acirrada, Lula tem 48,35% dos votos contra 43,26% de Bolsonaro e leva pleito ao segundo turno
Foto: Ricardo Stuckert/ Divulgação
Em eleição acirrada, Luíz Inácio Lula da Silva (PT) obteve 48,35% dos votos contra 43,26% do presidente Jair Bolsonaro (PL). Com esse resultado, a eleição presidencial segue para se definir no próximo dia 30 de outubro. No domingo, 2, quando mais de 120 milhões de brasileiros foram às urnas, 15 governadores foram eleitos no primeiro turno e 27 parlamentares renovarão um terço do Senado Federal.
A eleição está indefinida em 12 estados, nos quais haverá segundo turno: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia
Em coletiva à noite, após o término da apuração pelo Tribunal Superior Eleitoral, Lula agradeceu aos brasileiros pela generosidade de ter depositado os quase 57 milhões de votos na chapa que ele lidera ao lado do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB). “Há quatro anos eu era tido como um ser humano jogado fora da política”, lembrou.
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Para o ex-presidente, o segundo turno será mais uma oportunidade para continuar o seu diálogo com a sociedade e, de forma humorada, disse que não haverá agora debate com gente estranha.
Na alusão velada que fez à presença do autodenominado padre Kelmon, Lula afirmou que Bolsonaro terá que comparar agora o Brasil que construiu com o Brasil que foi construído no período do PT na presidência.
“Para desgraça de alguns, eu tenho mais 30 dias para fazer campanha. E eu gosto de fazer campanha”, provocou.
Já Bolsonaro disse que entende que há na população a “vontade de mudança”, mas advertiu que “há mudanças que podem ser para pior”.
Para o atual presidente, o resultado foi o reflexo da política do “fica em casa e a economia fica pra depois”, repetindo sua posição de negacionismo em relação à pandemia. Ele também culpou a guerra na Ucrânia pelo desgaste.
Ciro e Simone
O candidato Ciro Gomes (PDT) se pronunciou logo após os 96% das urnas terem sido apuradas. “Quero dizer que estou profundamente preocupado com o que está acontecendo no Brasil, nunca vi uma situação tão complexa”.
Diante disso, ele afirmou que irá falar com o seu partido para encontrar “o melhor caminho para servir à nação brasileira”. Ciro acabou a eleição em quarto lugar, com 3,05% da apuração, o que equivale a pouco mais de 3,5 milhões de votos.
Simone Tebet (MDB), por outro lado, pediu celeridade à sua coligação que engloba ainda PSDB, Podemos e Cidadania. “Há muito o que se refletir, mas não para se omitir”, declarou.
Para ela a decisão já está tomada. “Não vou me omitir”, disse a candidata que solicitou que os presidentes das siglas que a apoiaram tomem uma decisão em 48 horas. Simone fez 4,16%, quase 5 milhões de votos.
Abstenção histórica
Mais de 32 milhões de pessoas, ou 20,9% dos brasileiros aptos a votar, não compareceram às urnas no primeiro turno. Esse percentual é superior ao registrado nas eleições presidenciais desde 1998. Naquele ano, a abstenção foi 21,5% dos eleitores.
Votos brancos e nulos
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, afirmou em coletiva na qual apresentou um balanço do pleito, que o primeiro turno das eleições foi marcado pela redução do número de votos brancos e nulos.
De acordo com tribunal, entre os 80% dos eleitores que compareceram às urnas foi registrado um número de 4,20% de votos brancos e nulos. Nas eleições de 2018, o índice foi 8,8%.
“Aproximadamente 7,5 milhões de pessoas compareceram a mais para votar em candidatos, deixando de votar nulo e em branco. Talvez porque é uma eleição acirrada, mais polarizada. Isso pode ter sido um dos motivos concorrentes para que tenham ocorrido filas. É diferente uma pessoa anular o voto, votar em branco do que escolher as cinco opções, leva um tempo a mais. É um dado interessantíssimo, porque representa uma maior participação efetiva na escolha dos dirigentes do país”, avaliou Moraes.
Segundo turno decidirá eleições no Rio Grande do Sul
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O resultado da apuração dos votos no Rio Grande do Sul, concluída às 22h11 deste domingo, 2, contrariou o resultado das pesquisas eleitorais que apontavam para um segundo turno, mas com a liderança de Eduardo Leite PSDB), ex-governador do estado, seguido por Onyx Lorenzoni (PL).
Lorenzoni manteve a liderança com 37,50% dos votos contra os 26,81 de Leite. Durante toda a apuração, Leite e o candidato pelo PT, Edegar Pretto, disputaram voto a voto a vaga ao segundo turno. A votação de Pretto surpreendeu: 26,77%. Mesmo crescendo nas pesquisas, ele não passava de 18% nas projeções.
Onyx Lorenzoni, 67 anos, concorre a governador pela chapa Republicanos/ Patriota/Pros/PL. A vice na chapa é a professora Cláudia Jardim, 40 anos, do mesmo partido. Lorenzoni foi duas vezes deputado estadual no Rio Grande do Sul e está no quinto mandato como deputado federal. Licenciado, foi ministro da Casa Civil e do Trabalho e Previdência Social do governo Bolsonaro
Eduardo Leite, 37 anos, graduado em direito, foi presidente da Câmara dos Vereadores e prefeito de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Em 2018, foi eleito governador do estado, com 33 anos de idade. Em março passado, anunciou sua renúncia, aspirando a candidatura à presidência da República pelo PSDB. Acabou concorrendo à reeleição ao governo do estado.
Senado
O resultado da apuração para o Senado também contrariou as pesquisas. A única vaga do Rio Grande do Sul ficou com o general de Exército Hamilton Mourão, Republicanos, atual vice-presidente da República, com 44,11% dos votos. Mesmo dominando a preferência do eleitorado ao longo das pesquisas no estado, o candidato do PT, Olívio Dutra, obteve 37,85%.
Os governadores eleitos no primeiro turno
Acre – Gladson Cameli (Progressistas)
Amapá – Clécio (Solidariedade)
Ceará – Elmano de Freitas (PT)
Distrito Federal – Ibaneis Rocha (MDB)
Goiás – Ronaldo Caiado (União)
Mato Grosso – Mauro Mendes (União Brasil)
Minas Gerais – Zema (Novo)
Maranhão – Carlos Brandão (PSB)
Pará – Hélder Barbalho (MDB)
Paraná – Carlos Massa Ratinho Junior (PSD)
Piauí – Rafael Fonteles (PT)
Rio de Janeiro – Cláudio Castro (PL)
Rio Grande do Norte – Fatima Bezerra (PT)
Roraima – Antonio Denarium (Progressistas)
Tocantins – Wanderlei Barbosa (Republicanos)
Os senadores eleitos
Acre: Alan Rick (União Brasil)
Alagoas: Renan Filho (MDB)
Amapá: Davi Alcolumbre (União Brasil)
Amazonas: Omar Aziz (PSD)
Bahia: Otto Alencar (PSD)
Ceará: Camilo Santana (PT)
Distrito Federal: Damares Alves (Republicanos)
Espírito Santo: Magno Malta (PL)
Goiás: Wilder Morais (PL)
Maranhão: Flávio Dino (PSB)
Mato Grosso: Wellington Fagundes (PL)
Mato Grosso do Sul: Tereza Cristina (PP)
Minas Gerais: Cleitinho (SC)
Pará: Beto Faro (PT)
Paraíba: Efraim Filho (União Brasil)
Paraná: Sergio Moro (União Brasil)
Piauí: Wellington Dias (PT)
Pernambuco: Teresa Leitão (PT)
Rio de Janeiro: Romário (PL)
Rio Grande do Norte: Rogério Marinho (PL)
Rio Grande do Sul: Hamilton Mourão (Republicanos)
Rondônia: Jaime Bagattoli (PL)
Roraima: Hiran Gonçalves (PP)
Santa Catarina: Jorge Seif (PL)
São Paulo: Marcos Pontes (PL)
Sergipe: Laércio (PP)
Tocantins: Dorinha (União)